quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Divindade


Péssimo costume, esse dos humanos,
De separarem sempre o Bem do Mal,
Onde acham uma forma eficaz,
De se livrarem de seu próprio julgo ...
Se bem que não me importo,
Àquilo que acharam de mim ...
Pois se há verdade, embora questionável,
De alguma forma, ela sempre aparecerá ...
E àqueles, que outrora foram anjos,
Não haverá pior castigo do que,
Tornarem-se humanos,
Ridículos e limitados, cheios de futilidades,
E amores vis, insustentáveis e oblíquos,
Cheios de medo e perversão ...
Mas a mim, me purifico a cada dia,
Quando em meu amanhecer,
Agradeço ao que me foi dado ...
E quem sabe assim, talvez um dia,
Reaprenda a voar, como fazem os anjos de verdade ...

Brisa e Encantamento


Eis a minha sorte,
A qual contemplo, aquilo que me é natural ...
Desde criança, com meus bonecos de papel,
Castelos de barro vermelho e rosa,
Pele amarelada e medo daqueles
Que viviam depois dos muros ...
Ficava tempos olhando pra noite,
Achando dono de poderes mágicos
E trocando idéias com os vagalumes e nuvens,
Pensando num pequeno reinado
De poucos metros quadrados,
Cheio de areia, madeira, parafusos e cacos de vidro ...
Confesso, não sei bem o que isso me ensinou ...
Mas ainda hoje vejo a mesma Luz,
Que sempre me abençoou ...

Meu Eu


Meu Eu,
Esse sim, sonha desmedido de densidades,
Acha o Céu, seu ponto seguro,
E me dá a coragem de voar por cima dos obstáculos
Tocar estrelas, viver amores, sentir-se livre ...
Mas meus segredos,
Estão em bases tão sólidas,
Que fiz um castelo de Lua e Pensamento,
Só com o apoio delas e,
Em cima, bloco por bloco,
Cintilam fantasias, devaneios, delírios e paixões ...

domingo, 18 de julho de 2010

Alimento do Sonho


Impactante é tua imagem
Que anima meus sonhos
E fazem-me desejar muito mais
Do que o que reside em minha fantasia.
Vivo de uma promessa
Sem data, apenas com desejo,
E tua imprescindível presença
Em inúmeras horas de meu dia ...
E ainda sim, gelo as mãos
Ao falar contigo,
E crio expectativas fantásticas,
E me recolho em meu canto,
Pois deste pecado,
Se assim posso chamá-lo,
Tenho certeza que não me arrependerei ...
Calculo o dia em que te encontrarei,
E imagino teu contato,
Numa meia luz, num olhar hipnotizante,
E de joelhos a fitar teus olhos ...
Arrepia-me a espinha,
E os pelos respiram excitação,
E dentro deste teu olhar me entregarei
Pulando dentro deste desejo mútuo,
Hei de me perder, e me realizar ...
E no decorrer desta noite,
Quero sentir tua pele suada de amor,
Encher meus pulmões
Com o fôlego de teus beijos,
Cheios de ardor e esperança,
Que dá vida a este sentimento ...
Mas meu coração não possui mácula,
E não posso poluí-lo com meus pecados,
Pois assim quando te encontrar,
Possa te dar de verdade
Uma real noite do meu amor ...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Caderno de Segredos


Eu ainda tenho o hábito,
Péssimo ou não sei bem,
De achar que algumas opiniões,
Dúvidas, equações, frases e paixões,
São assuntos que são só meus,
E que alguns não possam sequer saber ...
Conto com minha memória,
Para enumerar fatos, pessoas, filmes e viagens,
Relacionar meu futuro com o passado,
E resguardar expressões, olhares, e palavras
Para poupar-me do mal da solidão,
E do medo do vazio e da sombra.
Pensamentos proibidos, os quais não considero,
São comuns a mim, e assustam vários
Com quem compartilho idéias e opiniões ...
Não quero divinizar, ou abominar
Os ensinamentos de meu pai,
Pois para ele, a morte,
Talvez o maior segredo da humanidade,
Seria o fim, e a tristeza,
E o que trago dentro de tudo o que escrevo,
Que não seja eterno, enquanto verdade,
Mas que tenha o poder de crisálida,
Para a alquimia espiritual se faça
Naqueles que lêem ...
E como borboleta, multicolor, suave
Possa encantar a visão alheia,
Inspirar crianças e casais apaixonados
Fecundar imaginações, corações
E deixar lagartas, estas vorazes,
Pela seiva viva de todos os conhecimentos.

Sublime Desejo de Voar


Não é de hoje
Que sinto uma inquietação em meu espírito
Enervar-se, ebulir-se,
Como se minha comodidade,
Conformismos com situações,
Fossem a real causa deste infortúnio.
Um de meus piores defeitos,
Ou qualidade ácida,
Deixo isso para quem quiser julgar,
Minha propulsora inconstância,
Trai meus olhos e minhas convicções,
E me faz achar, que minha felicidade,
A qual hoje vivo, e muito bem ...
Pareça incompleta, embora não seja.
À noite, já em meu ninho quente,
Paro e penso se são justos os meus desejos,
E por fim fecho os olhos,
E me transporto para uma Capital fria,
Não menos aconchegante,
Para encontrar um Alguém,
Que imagino conhecer, admirar ...
Que se não for especial,
Não tenho outra palavra para descrever,
Enrolar seu pescoço com meu cachecol,
E puxar-lhe contra meu peito,
E sentir em seu abraço, braço, corpo e alma,
Sua energia vivificante, minha fonte,
Que faz minha imaginação,
Por muitas vezes, fugir (...)
Embora sequer tenha me movido.
Valorizo muito tudo o que tenho,
Mas também não posso viver
Sem este poder maravilhoso,
Que é o de querer, buscar, desmistificar,
Sempre e sempre,
A virtude do encantar ...
Talvez assim descubra como levitar ...

domingo, 27 de junho de 2010

Pedra Proibida


Talvez não saiba
Nem por onde começar,
Pois evito sempre que posso
Me por diante de tua imagem ...
Porque só você sabe,
O que me causa,
Me transtorna, me prostra,
E me faz pensar coisas
As quais ultrapassam e transbordam
A minha própria moral.
Por vezes, ao lhe falar
Escolho palavras brandas,
Para mascarar minha vontade,
Perco o sentido e o peso,
Gaguejo pensamentos,
Falta-me a disciplina e coordenação,
Emudeço, viro menino criança,
E soou as mãos ...
Pra mim te coloco em segurança
Na galeria de meus desejos,
Para pensar que possa ser,
Algo mais realizável,
Algo mais real do que
As impressões físicas que você me causa ...
Porem dentro das contradições
Que carrego no coração
Apenas posso afirmar,
Através de minha volúvel opinião,
Que não posso dá-lo a você,
Porque é proibido, (...)
Porque se o fizesse,
Correria o risco de encontrar equilíbrio,
E nunca mais precisar me apaixonar ...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Antropofagia


Alimento-me de você ...
De esperança substancial
De mecanismos sociais
Sofrimentos alheios
E dinheiro ganho.
Assim como também
Dou o que comer à muitos e
De minhas carnes e sangue,
Subsistenho os malditos,
Infames e invejosos de meu sucesso.
De minha audácia,
Povoo a imaginação destes
Que ficam a tramar seus artifícios
Mas também falo muito,
Alias faço como muitos,
E prezo pouco por ouvir,
E é essa minha defesa
Contra farpas e espinhos,
Que mesmo em mus períodos de sono,
São atirados contra mim.
Cravo meus dentes
Naquilo que quero tornar real,
Pois afinal, mesmo meus sonhos,
São questões de tempo,
Para realizarem-se e
Sempre consigo tudo o que eu quero ...

Iluminação


Dentre os erros que observo,
Nos diálogos que escuto,
Esta a perda de tempo,
Em se culpar alguém ...
Possíveis faltas próprias ...
Neste complexo, vejo confusões,
E nervos que se perdem.
Há também aqueles
Que discutam o Amor,
Como algo mensurável ou remediador,
Sem saber o quão perigoso
Tal sentimento possa ser ...
Digo isso por experiência
Que algumas vezes
Já bebi deste cálice
E me embriaguei de seu absinto.
Mas hoje olho com mais segurança,
E de tudo o que é belo, me alimento ...
Pois não quero mais regorjitar
Nem ácidos, nem retóricas,
Que me fizeram tanto mal
Num período perdido de obscuridade.
E hoje vejo a Luz,
Nela me banho, enalteço,
E espero dela,
Nunca mais me separar ...

Violetas Mudas


Tenho dias em que paro ...
Não funciono em meu compasso
Doente de minhas ansiedades,
Me falta o oxigênio de meus pensamentos
Minha leveza de consciência ...
Estagno em meu limite.
Como alguns falam
Talvez seja a pressão do dia,
Porém quem de nós
Não esta sujeito às próprias obrigações.
Meu maior remédio ainda é,
Andar a noite, já bem tarde,
Por algumas avenidas preferidas,
Trocar passos com os postes apressados,
Cães vadios solidários, e canteiros mudos.
Observo as flores sonolentas,
Que esperam as brisas da madrugada,
Para ninar seu sono.
Reconheço meu fracasso,
Considerando muitas experiências ...
Ao lidar com as ansiedades,
Pois estas, que me pertencem,
Tornam-me confuso e frágil,
Anulo-me e lembro do ser humano,
Intrínseco e dono do perdão
Que habitua-se muito mais rápido
Do que se imagina
A mira algoz de suas escolhas.

Prisma


Segredo maior dos que lapidam,
Sua precisão, energia física e telúrica,
Admira a todos, com seu poder.
Esse sou Eu, minha Alma,
Essência, nexo e conteúdo,
Esse é o mistério que me abrange,
Me interpreta e me traduz,
Como prisma que sou ...
Em meus feixes, desdobro e transformo
Luz em espetáculo, irradio ...
Coloro, intensifico vida e beleza,
Mas preciso de luz,
Meu elemento maior de força,
Que provem daqueles que me rodeiam,
Condicionalmente vivo,
E manifesto alegria.
Mas meu segredo octagonal,
Carrego minuncias implícitas
Que somente aqueles
Que conhecem verdadeiros diamantes
É que podem enxergar.

domingo, 13 de junho de 2010

Passos Cruzados e a Caminhada


Através de minha janela,
Percebo meu mundo, e minha história,
Pelo retângulo marcado de poeira e recordações,
Vejo ainda o reflexo dos personagens,
Das risadas, choros, e contos ...
Se pudesse contar de forma cronológica,
Levaria muito mais tempo do que o real,
Pois cada ato, talvez valesse mais
Do que a vida inteira dos petulantes de opinião ...
Mas matematicamente falando,
E ludicamente figurando,
Avisto meu caminho,
Vejo montanhas verdes, distantes,
Que um dia já atravessei ...
Também passo por pântanos de pesadelos,
Com todo seu lodo, mal-resolvido,
Que me tira a base e onde as vezes
Sento e venho chorar,
Mas meu céu é limpo,
Possui nuvens é claro,
Mas meus ventos são capazes
De transformar as atmosferas ...
Porque dentre minhas tempestades,
Está a impulsividade de meu ser ...
O que me traz muitos presentes,
Muitas esperanças e sinceridades.
Mas fica em mim,
Sempre a vontade de olhar mais longe,
Mirar o horizonte, caminhar ...
Andar em minha praia
Sentir a areia e a minha insegurança
Entre meus dedos, frivolizando-os ...
Mas sentindo a paz,
Que é comum ao meu Espírito ...
E deixo para os outros,
Pensarem o que bem quiserem.

Do Vazio ao Desespero


Eu sou, e estou ...
Eis que não me encontro,
Nem feliz, nem triste ouvindo minhas músicas
E talvez seja este meu maior Mistério,
A necessidade da Solidão ...
Creio ser tão Único,
Que diferentemente de meus amigos atuais,
Pois estes sempre vêm e vão,
Creio que posso ser feliz só,
E sem hipocrisia pertencer a muitos
E mesmo assim estar pleno ...
Porém só.
E entre minhas qualidades,
Destaco minha veracidade,
A que uso comigo mesmo,
Para não sonhar com um teto baixo.
O que me piora, em contraponto,
São estas minhas verdades,
Que não me deixam ser
Algo diferente ou menos sofrível,
Daquilo que realmente sou ...
Mas também não quero ser diferente,
Pois esta impossibilidade de mutação,
Me faz bem.
Posso ser importante para alguém ou alguns,
Mas isso fui eu mesmo quem fez,
Pois dentre minhas convicções,
Se alguém lhe é importante,
Foi você mesmo quem o tornou,
Ninguém é importante em demasia,
Que não seja pela Tua própria opinião.
E pela imparcialidade, ainda prefiro
Observar de Meu lugar,
O desenrolar das culpas e dos temores ...
Que habitam os corações ...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Entendendo as Virgens Virtudes


Existem lendas, muitas histórias
Que o homem criou
Para poder, com o seu dom,
Sobressair, destacar-se dos animais
E até de si próprio ...
Maneira cruel esta,
De inventar personagens e processos
Uns mais complicados do que outros,
Inventam Deus e comércios,
Leis, divórcios e pecados,
Apenas para assegurarem
Que ninguém tome sua Coroa.
Abrem-se leques na imaginação dos pobres ignorantes ...
E estes insones miseráveis
Agonizam em noites de pérfido tormento
Acreditando que Algo Maior
Está a tudo observar, logo a castigar ...
Penso como pode haver tanta diferença
Onde sobre a mesma terra
Caminham os mesmos pés
Onde crescem as bolhas da infâmia ...
Mais isso é uma parte delicada,
Que extrema tudo o que acredito,
E por escolha, tiro de minha visão,
Pois envenena minha Alma.
Mas neste mesmo meio,
Ainda existem aqueles dos bons preceitos,
Que não possuem máculas no coração,
E altivam sua visão aos Céus,
E fazendo dele um sacro espelho,
Procuram ver Beleza em seus arredores.
O tempo por eles contado
Se transformará em História,
E suas mãos abençoadas de sabedorias,
Espalharão sementes promissoras de bons frutos,
E em suas preces,
Está a promessa da Água Divina,
Que levará as mesmas sementes
Um dia a germinar ...

Escrevendo Músicas e Melodias


Melodio palavras
Encaixo rimas, seqüencias e partituras
E tento encontrar em minhas hipóteses,
Um verdadeiro sentimento,
Talvez uma dor ...
Que mascarado, oculta-se da luz,
Pois tem medo do julgo de fragilidade,
Que é a arma e apelo
Daqueles que invejam os amantes.
Gostaria poder revelar,
Com minhas humildes expressões,
Confesso que em algumas
Termino sempre com reticências ...
A profundidade, a necessidade
Dos corações aflitos,
Desesperados de solidão,
Ansiosos pelo Amor,
Desolados e incompreendidos.
Falta-me modéstia,
Ao dizer, segundo penso,
O quão claro e direto sou,
A não explicar que felicidade é particular,
Não tendo esta uma fórmula,
Nem sequer um endereço ...
Desentendo situações,
Re-configuro explicações,
Talvez perdões ...
Mas procuro comoção
Naqueles que me ouvem.
Quem sabe com pequenos estalos,
Ou mesmo com o toque de meus címbalos,
Eu alcance freqüências,
Admita tolerâncias, desinências,
Desperte individuações precoces,
Crie estabilidades emocionais,
Desperte sentimentos triunfais,
Para poder coroar meu Amor,
E selá-lo com ouro e cera,
No coração daqueles que amo.

Pedrinhas no Batente


Há muito tempo
Aprendi a apostar
Em tudo aquilo que acredito.
A poupar segurança
Para não se arrepender
Daquilo que queria fazer.
Aprendi com pequenas moedas
Que existem caras e coroas
Que existem valores meus e alheios
Alguns inestimáveis posso dizer,
E que quando os jogamos para cima
Teremos apenas uma resposta :
Ou que sim, ou que não.
Sempre me economizei
De destemperanças e agonias,
Iras e incompreensões vãs,
Pois se existe algo as quais agreguem
Este será no mínimo meu mal.
Neste asfalto de minha estrada,
Prefiro não correr junto da ansiedade,
Para não gastar nem sequer meus passos,
Muito menos minha perseverança.
E isso me recorda,
Quando criança, no batente da porta da frente,
Sentava eu, com meu único par de chinelos,
Meus brinquedos imaginários,
Criava minhas cidades, suas avalanches,
Meus heróis, tais quais os da televisão,
Voavam, eram indestrutíveis e velozes,
Porem não mais fortes
Do que as cinco pedrinhas
Que cabiam em minha mão ...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minha Concha


Seguindo o exemplo
De Clarice, que já dizia,
Transformo-me e aceito de antemão
Os persígnios deste meu caso.
Onde acho forças
Senão dentro de minha concha ... ?
Como me protegerei
De um mundo ao qual
Ando e vivo em desacordo,
Onde meu inimigo
Mora dentro de mim.
E em pequenos lapsos,
Açoita-me e esquarteja-me,
Levando-me então à agonia.
Eis assim, que manifesto,
Com pequenos movimentos,
Meu desenvolvimento,
Minhas ações, meus egos.
Não posso vacilar,
Nem sequer um instante,
Pois as animosidades,
Estão em todos os cantos,
Prontas a me surpreender ...
E como não ser orgulhoso
Desta massa complexa,
Compacta, imune, única
Que sou Eu.

Oração ao Deus do meu coração


Senhor, eis me aqui,
Teu servo, obediente, digno e vero
Diante de Ti prostrado,
A pedir Tua clemência,
Teu afago, tua ternura,
Consequentemente teu Perdão.
Sigo as regras dos Antigos,
Que a Ti não deram nome,
Para que os maus não pudessem
Ousar de usar Teu Santo Nome.
Acalma-me Pai,
Enche-me de júbilo,
E conforta minha alma,
Quebranta todos os males,
Os dos outros e os meus
Que me atingem.
Transborde meu coração,
Com tua Glória e Amor,
E reforça-me os ânimos,
Para que eu possa
Unicamente louvar a Ti.
Agradeço Pai,
Pelo meu dia, pela minha Vida
E pelo ensinamento de cada dia,
Que se passa pelos meus minutos.
Entrego agora em Tuas mãos
Óh Deus do meu coração,
A minha Vida, e a vida daqueles que amo,
Para que o Senhor
Faça a obra, e o milagre.
E traga a Tua esperança
Para o meu acordar
E Tua paz, para meu dormir.
E assim Senhor abençoe
Ao meu mundo e todas as sementes
Que nele brotam.
Amém.

domingo, 16 de maio de 2010

O abismo que sou Eu ( a inevitavel separação )


Do que adianta o amor,
Se este não tiver dono,
Nem destino, ou endereço?
Reconheço-me como dois,
O principio e precipício que sou eu,
O Eu que me limita e dá ponto de partida
E outro que desconheço e me põe medo.
Num sou claro, belo e virtuoso
No outro sou desditoso, maldito e obscuro.
Mas quem sou Eu na verdade,
Se me encorajo pelos desejos,
Mas me enfraqueço pelos medos?
Em meus momentos de anjo,
Clamo as palavras afáveis
Que as almas aflitas necessitam,
E em meus algozes momentos
Sibilo ironias, destilo verdades ásperas ...
Serei eu, aquele que preza
Por algo meu, ou algo seu ?
Existiria a remota possibilidade
De co-existir algo nosso ... ?
Nesse ensejo, tenho muito mais o que pensar,
Pois nem consigo organizar idéias ,
Nem páginas sequer números.
Minha única lei, a qual penso
E por entrelinhas necessito,
É a da gravidade, ou para os externos
A do equilíbrio que busco,
Pois apenas assim,
Ou pelo menos ponho fé nisto,
Poderei levitar e atravessar
Este vácuo que compreende você ...

O Enforcado e a Atitude (Insustentabilidade)


Como posso eu me condenar
Se em tudo o que julgo errado
Tenho apenas a porcentagem da culpa
E a mesma quantidade de responsabilidade
Daquilo que diz respeito a “Nós”.
Se este Eu que te acusa,
É o mesmo que é teu réu,
Diga-me o quanto posso,
Ou mesmo consigo
Carregar esta condição,
E consequentemente teu veredito.
Serei Eu, tal qual Atlas,
Ou serei, apenas o infeliz culpado
Sentenciado a tua perpendicular opinião.
De ti sei que preciso,
De teu contato, de tuas mãos e lágrimas.
Tuas respostas, tuas questões e teus exageros,
Sua insubstancialidade, inconstância e poder,
Creio assim, somente me controlo.
De mim, o que posso compartilhar
Senão minha raiva e meu medo de te perder,
Ao mesmo tempo
Degladiando dentro de mim
Entre seu sim e meu não.
Mas a quem estou respondendo
Nem que sim, nem que não,
Eis que me pergunto,
E dou sequência a este desidério,
Punindo-me desta minha iniqüidade.
Sou digno de meu orgulho,
E como penitencia
Sofro a incompreensão
Disto que chamo de Amor.

sábado, 15 de maio de 2010

Fale ( poesia do Amor sem sorte)


Fale,
Apenas diga tudo o que não quero ouvir ...
Fale, diga abertamente
Direto e francamente
O que esta a se passar por nós.
Não suporto a indiferença
Que mora num instante.
Pois sou ao extremo constante
E perco o meu sono
Ao imaginar, e ensaiar
Uma possível e obvia separação
Do meu Eu do seu Você.
Fale, quebre este silêncio,
Torturante, desesperador
Que corta minha carne,
Rompe minha dignidade
Fere meu ser ...
Rasgue seu verbo,
Bata em mim com sua verdade,
E quebre este cálice de fel,
Que tem sido nossa sonhada vida.
O que posso eu fazer,
Senão pedir que Fale,
Quebre este silêncio carrasco
Que antecede minha solidão.
Fale o que te importa
E declare meus males
Para que deles eu possa
Ao menos, tentar o Perdão.
Acho que Deus fez o arrependimento,
Tendo plena certeza,
Da seriedade de Seus Castigos ...
Mas fale, eis meu ultimo pedido
Para que possa assassinar mais friamente
Aquilo que me sustem de você ...
Pois teu silêncio,
Me serve como as marteladas
Que me pregam em minha cruz,
Que incessantemente
Faz jorrar meu sangue
Que banha este Amor ...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O menino que se achava homem


Não é de meu costume
Retratar pessoas, e sim elogiá-las.
Mas pela minha admiração
Não posso deixar por branco,
A impressão que tenho de alguém especial.
Serei breve, pois a mim
Não cabe esta profundidade.
Mas desta vez, farei observações,
Pois a Experiência me dotou deste poder de análise.
Eis que falo de alguém
Que cheio de auto-confiança,
Comportamento intrigante, brejeiro,
Não menos fascinante e belo,
Pois é humano logo complexo ...
Cheio de olhares, versos e trejeitos,
Esboça a sedução e charme,
Em fotos e frases ambíguas,
Para evitar a solidão.
Sim, eu sei de seus medos, suas esperanças,
E de outras coisas, que nem sabe que eu sei ...
Mas confesso que gosto,
De todas as vezes que o vejo,
E muito mais de quando falo com ele.
Vejo suas defesas, precipitando força,
Como dizem os comuns da unanimidade,
De personalidade forte,
E acho engraçadas suas respostas ...
Poderia dizer-lhe muito mais,
Mas acho melhor apenas cumprimentá-lo
Desejar-lhe uma Boa Noite de Sonhos,
Onde ele, mais Menino do que qualquer um,
Pode ser valente e príncipe,
Herói, Homem e sonhador,
E continuar minha admiração.

Ciclo sem Fim


Gosto de citar pensamentos e frases
Alguns tão subjetivos, particulares
Que dentro de minha pretensão,
Acho que todos concordam
Com meu peculiar método de apreciação.
Tudo tem a ver com minha historia,
E nem sempre falo de Amor,
Pois este, se não for na 1ª pessoa,
Que seja sobre o Amor alheio,
Porque não será sobre mim
Que passarei a tudo admirar.
Assisto as musicas, e fecho os olhos
Para ver em qual canto de mim
Algumas notas irão parar ...
Meus ouvidos são o receptáculo do Universo,
Meu único e esplendoroso Universo,
Os pensamentos ficam leves
Como o tinir das cordas do violino
E alongam-se minhas alegorias ...
Essa poesia me embala
E esqueço do tempo e do espaço,
E me assemelho ao acrobata
Que desce se desenrolando
Lentamente de suas faixas de cetim.
Penso na alegria circense,
A imitar a fantasia,
E nos deixar com gosto de sonho,
E saudade do som do acordeon.
Brinco de poeta, resumindo,
Escrevendo versos imunes, sublimando,
Mas ainda busco Felicidade,
Sou humano, acredito em minhas opiniões
Por isso sempre persevero,
E disso é que me sustento ...

Constelação de Virtudes


Em um meio-dia de uma meia estação
Estava Eu a pensar
Sentado em cima de minha pedra de memórias
A observar meus horizontes.
A minha vista se perdia
Partindo das imagens do passado
Cheias de significados
Algumas de sons e espantos
Outras de sorrisos e teimosias,
Indo parar onde finda o meu Sol,
Nos paralelepípedos deste caminho
Ainda vejo, o Eu menino,
A equilibrar-se no meio fio,
Que contornava os canteiros daquela praça
Ainda a caminhar em direção ao oficio.
Tudo se torna uma câmera lenta,
Desta auto-contemplação,
E é claro que a maturidade,
Anda lado a lado com o tempo
Mas reconheço ter dificuldade
De conciliar os números
Os nomes e a importância dos amigos.
Neste ínterim ainda
Permito-me criar novas palavras
Sentenças e equações filosóficas
Que em minha auto-concepção
Serve-me de disfarce para as aflições
E quando é de noite
Deito em meu verde tapete
Feito de mar calmo, espumoso e de serestas
E contemplo meu negro céu,
Me ponho a contar estrelas,
Que povoam minha Vida e Fantasia.

domingo, 9 de maio de 2010

A Pérola e o Ponto de Vista


Revelação, demonstração e espontaneidade
Num súmulo de segundo
E por acidente muitas vezes
Acontecem aparições de nossa personalidade.
Não podemos negar
Que por mais racionais que sejamos,
Ainda somos seres orgânicos,
Pensantes, emotivos e logo variáveis.
Em vista de situações
Vemos o quanto somos frágeis
E necessitamos de nossas conchas,
Nossos confortos, nossos lares.
Observo as pessoas e o mundo
De dentro de minha concha,
E mesmo assim encontro inimigos
A quererem o que é meu ...
Também não posso culpar ninguém
Por querer algo tão afortunado
Como a segurança, e o zelo.
Mas não perco a sensibilidade
E nem meu julgo,
E ainda acho que neste universo
Existam muitas conchas
Com pérolas únicas
E basta um coração para achá-las.

Possibilidade


Nasci da dificuldade,
E foi Nela em que me criei,
Mas dentre estas circunstâncias
Encontrei verdade poderosa
Para criar esse meu olhar
E mirá-lo para o horizonte.
Sim, que minha interpretação errada
Tem berço na vida
Construção de meu pai,
Vitima das más línguas
E infortúnios da impulsividade.
E o que lhe sobrou foi
Senão as cascas das feridas invisíveis
De seu roto espírito.
Sua culpa, coitado,
Esteja talvez em sua limitação
E no máximo que seus dedos
Puderam alcançar.
E dentre o que me ensinou
Além do respeito servil,
Da voz e palavra controlada,
Existe também a simplicidade,
A esperança e o trabalho.
Não falo de honra,
Pois a seria errôneo e mesquinho,
Falo de composição,
De organismo e tetraedricamente
De sentimento, e ponto de partida.
Mas como dizem alguns,
Que também não conheço todos
Cada um é responsável por si,
E por colorir sua história
Para não passar no preto e branco
De tudo aquilo
Que não queremos ouvir.
Eu amo o longe, e a ele me dedico
Acredito na retilínea possibilidade
De atingir meus horizontes.

Adjetivos sem fim


Em memória aos amigos,
Como poderei deixar de elogiá-los
Seja pela beleza, ou simplicidade
Seja pelas palavras, ou pela simplicidade
Pelos íntimos confessados
Pelos pecados compreendidos
Pelas conversas bobas e sem imaginação ...
Sem desmerecer posso citar
Incitar, ocultar, explicitar muitas idéias
Contando com eles, ou temendo suas opiniões
Mas peço a todos que me perdoem,
Pois mesmo evitando
Sempre falo o que penso,
E com eles aprendi a Dizer,
Pois vêm e vão
E não tenho como acompanhá-los
Porque a Vida assim o quis.
Mas como de praxe
Como são lindos os sorrisos
De Ana, Marcelo, Célia, Junior,
Beth, Darlene, Henrique e Débora.
Os olhares arrasadores sem iguais
De Junior, Simone, André, Mauricio
E as doces palavras companheiras
De Deise, Paulo, Antonia e Sonia.
As conversas informais, porém criativas
Com Rafael, Nando, Eduardo e Leandra
Que tanto riram como me fizeram rir.
A beleza, mais do que física
De Patrícia, Fabio, Daniel e Amanda,
E os discursos intelectuais e certinhos
De Anderson, Gilberto, Andréia e Carmem.
À todos, e os mais que não citei,
Deixo meu coração, meu bem mais precioso
Pois por mais sutil que seja nosso contato
É com vocês que partilho,
E reconstruo algo um tanto inconstante,
Que é minha opinião.

Passagens


A ampulheta de meu Tempo
Faz correr o compasso do meu coração
Desacelera as ansiedades
Consola minhas aflições
Amadurece meus desejos.
Hoje, depois da Experiência
Ainda não me acho apto
Para se dar o luxo de não Errar,
Subestimar, Desencorajar ou Humilhar,
Nenhum daqueles que convivem comigo.
Sou velho para a inocência,
E descuidado para a malícia,
Mas me aventuro ainda
A acreditar nas pessoas
E buscar paixões novas
Descobrir caminhos ...
Marco sonhos, encontros, possibilidades
Imagino cenas, desenho prazeres
Apenas num piscar de olhos.
Serei eu, alguém mais do que um sonhador ?
Se eu me der a audácia de responder
Conhecendo-me como conheço
Iniciaria um questionário
Que tomaria tanto tempo
Que nunca haveria de resolver
E deixaria de usar minha colina de pensamentos
Onde crio e fantasio
Toda a minha Realidade.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canção para teu sono


Por inúmeras vezes,
Na forma mais terna
É em nosso anoitecer
Que acontecem esses momentos
Que tanto gosto.
Nessas horinhas mudas, cálidas
Vejo o teu sono, teu dormir,
Que parece não ter esquecido
O embalo de tua mãe, o ninar
E a necessidade de afago.
Aproximo-me de teu calor
Já em nosso ninho
Esperando o contato físico
E vontade de abraçar.
Passo a mão em teus cabelos
Acariciando teus pensamentos
Enrolando meus dedos em teus sonhos
Beijo tua testa
E respiro teu ar.
Sinto tua pele, lembrando o pêssego corado
Que se arrepia com o orvalho da manhã,
E vou me acomodando ao teu corpo
E encaixando lentamente
Enroscamos as pernas umas entre as outras
E tecendo nosso ninho.
Claro que não posso falar
Das coisas que habitam nosso sono,
Pois as fantasias imporiam limites
E a inveja dos não felizes, coitados
Ficaria cega, pasma e muda
A admirar aquilo que ela
Nunca compreendeu.

Inconstância


Culpa, nada mais,
Isso me foi sempre mostrado
Para medir o quanto
Variável pode-se ser.
Encaro tal brusca medida
Com sincero desprezo,
Olhando a mim mesmo
Julgando, sofrendo, assistindo
Esse melodrama que sou eu.
Enfadonhamente, incessantemente
Continuo a caminhar,
Porém nem todos os meus passos
Sejam para a frente,
Também tenho momentos que
Sinto-me plantado na estagnação
Dos conselhos e opiniões alheias.
Fico agressivo ao não conseguir
Decifrar metáforas singulares, particulares
Pois dentre minha pérfida perfeição
Não existe espaço
Para algo que não seja meu.
Sou o autor e único responsável
Pelo desarrumo de meu gênio,
Da infantilidade de minhas coerências
E da cegueira induzida de minhas decisões.
Sou alma, drama, existo e findo
Dentro deste mesmo copo d’água
Que neste momento você bebe.
Posso ser amargo comigo mesmo
E insuficiente as expectativas dos ousados
Pois eles sempre esperam
Por aquilo que não conseguem externar.
Em minha essência posso ser líquido
Mas meu comportamento
Prova que de nada sólido
Posso chamar, senão o momento.
E de dentro de minha casca,
Como já dizia a poetisa
É que surjo em forma de metamorfose
Constante e imutável
Para assistir o passar dos dias.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O trinco da porta


Como posso falar de meus medos
Sem falar dela, que de tão cruel,
Encurrala-nos a consciência,
Amedronta nossos íntimos
Sussurra gelidamente frases cruas
Que não queremos ouvir.
A Solidão, errante e terrível,
Por um tempo mal do século
Pelo hoje uma inimiga camuflada,
Assombra o Homem e os seus.
A ausência de amor, ou de alguém
Assola a qualquer um,
E me faz relembrar um tempo
Em que sentia na pele,
Os sinais físicos dessa maldição.
Lembro deste mesmo tempo ido,
Que a hora mais temida,
Era a de abrir e fechar
Minha porta da frente
Pois a solidão muda
Utilizava seu eco carrasco
Para fazer o som do trinco da porta
Percorrer a casa sorrateiramente
E voltar a meus ouvidos
Revelando, que lá Ela imperava.
Concordo com aquele
Que precisa de momentos de solidão
Pois estes não me são tão raros
Quanto necessários
E neles, as vezes escrevo
Sobre os muitos “Eus”
Que existem e já existiram,
E que continuam povoando
Esse macrocosmo que sou eu,
Repleto deste próprio amor
Que busca a felicidade.

Um abraço teu no amanhecer


Minutos que parecem horas
Horas que andam para trás
A ansiedade toma meu universo
E sua complexidade meu entendimento.
O contemplar deste meu tempo
Faz-me compelir a sentimentos não meus
Exagerar em explicações
Inventar metáforas, corrigir paradoxos.
Parábolas me vêm a cabeça,
Para compensar a solidão,
Que de tão cruel, dá seus sinais,
E exige seus subterfúgios.
Eis que Eu, totalmente influenciável,
Divido meu mundo em amigos,
Que me contagiam com o entusiasmo,
E em meus pérfidos inimigos,
Que me lapidam com suas críticas.
Dentro de meu sono,
Onde imperam os desejos,
E com eles minhas inconstâncias,
Desfilam infindas fantasias
E a necessidade de estar junto a ti
E no fim desta noite,
Junto com o acordar do Sol,
Anseio pelo abraço teu,
Para completar meu verdadeiro amanhecer.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Polêmicas, Introduções e Intransivos


E quanto ao amor,
O que me resta dizer ?
Vários sábios, outros poetas,
Ou meros menestréis do orgulho,
Que se enaltecem,
Com a embriaguez de seu sentimento,
Ou desespero de sua solidão,
Definem, redefinem, moldam,
E tentam achar o mais sublime significado
Para algo que não se explica.
Pelo que já li, e ouvi dos outros,
A busca de todos,
Sempre será a direção do Amor.
Outros autores, já de outrora,
Que até já mudaram sua própria linha,
Classificaram-no em três tipos distintos,
Que não cabe à mim comentar,
Ainda mais, porque não acredito
Neste tal efeito numérico.
Acredito que o Amor seja algo
Mais sublime, mais invisível, menos impossível,
Como a fé, por exemplo,
Onde cada um, tem a sua e
Por ela é responsável, logo praticável,
E se não for praticável,
Não será verdadeira, logo não existirá.
Diferente do óbvio, ainda porque possui porcentagem
O Amor exige um dono para ele
Confundindo ainda mais nossa cabeça,
Pois se este é para si próprio,
Será confundido com o egoísmo,
Se este for para alguém,
Corre o risco de se tornar ilusão.
E também não quero acreditar
Nos amores sem sorte,
Que povoam a imaginação
Dos compositores, dos poetas infelizes
E transcorrem nos versos
Que a maioria dos comuns adora,
Para não acender a dúvida possível,
De transformar o meu Amor
Em algo traduzível.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O amálgama da perfeição


Seguindo seus preceitos
Movimentos cíclicos perfeitos,
Demandam exuberância,
E minúncia dos olhos rigorosos.
De artesão primordial,
Quem somos, senão telespectadores,
Que além de admirar,
Sofremos as penas por tudo alterar.
É claro, que o homem,
Explica tudo o que acontece com suas ciências,
Mas é incapaz de realizar
As obras da Natureza.
As rochas que usam
Para identificarem seus corações,
Crescem, alteram-se em pó,
E em conjunto com o vento,
Eis o ar em supremo movimento,
Transforma-as em areia, dando poderosos açoites.
E em escuros, negros dias,
Das chuvas que descem dos céus que choram,
Brotam a vida e a serenidade
Ao coração daqueles que amam.
E da terra vêm os seres,
Os visíveis e invisíveis que formam
A encantada biologia.
E relembrando o tempo
Em que éramos simples,
E cheios de inocência a admirar,
A luz divina que atravessa a água suspensa,
Prismando-se infinitas cores
Para a alegria
De nosso coração ainda infantil.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O mérito de Pandora


Temperamentos exaltados,
Ânimos imperativos,
Escolhidos estes julgadores,
Nas alturas de suas verdades.
Que juízes possam ser estes,
Que indagam e indignam,
Surtam dentro de seus contextos,
Desalinham as Harmonias,
E certificam suas razões
No temor alheio às Fúrias.
Ao homem foi dado o calculo,
O ato, a geometria e a sabedoria.
À mulher foi dada a emoção,
A transformação, a energia, a devoção.
O homem racionaliza, precisa, constrói,
A mulher questiona, expande, educa.
O homem criou Deus,
Para sentir-se mais perfeito
E se proteger de si mesmo.
A mulher cria o Homem,
E a ele dá a base, os medos, a sociedade,
E submete-se ao efeito bidimensional do amor,
Onde o homem amado
Deixa de ser seu par
Para ser seu filho, sua extensão.
Essa complexidade indubitável,
Se predispõe de longa data,
Desde o tempo onde a culpa de Pandora,
Com sua natureza plena feminina,
Foi a causa de sermos
Seres tão finitos, extraordinários,
Que contamos historias, e
Para que nossos semelhantes
Tenham no que acreditar ...

domingo, 18 de abril de 2010

Melodrama parte 1 - A Névoa


Dúvida, inexistência, caos,
O fim da luz dos olhos do ser cansado,
Conspira-se com as confusões,
Acusações e desespero da ausência.
Caminha na corda bamba,
Esperando alcançar a outra extremidade,
Guiando-se pelo tato, adquirindo equilíbrio,
Este tênue, não-preciso,
Como o disfarce daquele que veste-se de gris,
Perto da fumaça dos vulcões.
O desejo de certeza,
Dentro da improbabilidade do sentimento alheio,
É a sua procura e seu mártir.
Como transformar em prosa,
O poema, já declamado, e cheio de entonação,
Das bocas dos que sofrem
A tortura heterogênea do amar.
Eis que a maior dor e desagrado,
É o amor não-correspondido,
Ou aquele que não pode acontecer.
É claro que na ilusão tudo é possível,
E ser óbvio, para os sentimentos é improvável,
O que podemos deduzir
Somando opiniões e pareceres
De fora de uma historia intensa,
Extremada e singular
É que o amor , símbolo que de quem vive,
Orgulho de quem ama,
Talvez cega o inocente,
Mas enche seu peito de coragem,
Para tentar o impossível.

As rosas de Beth


As estações nos trazem vida,
Compartilhando o que a Natureza,
A Mãe Eterna,
Tem por formação e singela propriedade
Em seus ciclos sazonais inexplicáveis.
E uma vez, há muito tempo,
Já fizemos parte dela,
Como seres mais tangentes,
Mas com nosso comportamento adjacente,
Vemos a cada dia sua simbiose,
Sua alternância, sua magnificência.
Nossa inconstância nos impede
Do olhar mais terno
Que nos une, nos evidencia,
Torna-nos imperfeitos, incapazes
De entender a lei das compensações.
Fora deste discernimento,
Criamos uma própria lucidez
Naquilo que desejamos
Ser o nosso ideal.
Mas as estações passam e repetem-se,
Os mundos criados, e as verdades alegres,
Transformam-se e se misturam
Junto com a brisa leve do mar e sabor de família.
E nos jardins do orgulho materno,
Um dia cavados com as próprias mãos
Já roídas pelo trabalho, dos dias já idos,
É que crescem as flores,
Que tudo vêm, contemplam,
Trazem a vida dentro de suas sementes,
E os presentes do futuro.
E lá ficam cálidas, plácidas, mudas
Existindo inteligentes
A observar a mudança dos tempos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A luz de um Amor


Experiencia própria,
Direção que guia o homem,
E impõe felicidade.
Pessoas procuram pelo Amor,
E cegam-se devido sua exaustiva jornada,
Pois passam por cima uns dos outros,
Estes muito passíveis,
De formarem seus pares perfeitos.
E nesta hora, a enganosa ansiedade,
Dá a este personagem,
O ser carente, assim como nascemos,
Um disface naquilo que ele vê,
Como o que acontece,
Numa casa de espelhos dislexos
Que no parque de diversão
Anima a todos
Exibindo suas próprias imagens distorcidas.
Mas indo a fundo,
Sem precisar em vocábulos radicais,
A busca do Homem,
Sempre será,
Enquanto conseguir ser humano,
A busca do Amor.
E àquele amigo de outrora,
Que se consumia de inveja,
Apenas por um fato contado,
Só lhe resta uma vaga imagem,
De um dia que já se foi,
E daquela historia
Dos cinco minutinhos infinitos
Que levaram pra explicar
A frase onde tudo começou ...
"Eu te amo".

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A dor


Mistério, memória, causa.
Não importa sua origem,
Elemento que mais incomoda o ego,
E dá asas a astúcia daqueles
Que contam as histórias alheias.
Inspiradora, aos viciados em amor sem sorte,
Desesperadora, aos adeptos da felicidade,
Não nego que deva ser
O negro resultado de relações
Pertencentes somente aos dotados de emoção.
A maior expressão sinônima
Que acho para lhe dar significado
É senão, o termo contrário
Da realização da vontade.
Algo que nos diminue,
Para alguns mais imediatistas,
E fortalece para outros mais visionários.
Mas ninguém a quer,
E não importa seu motivo.
Dor que é dor, lembra sofrimento,
Lembra aquilo que não queremos
Ou poupamos sentir,
Ou que nos recorda algo que esta no nosso pesar,
Por alguma impossibilidade.
Variável termo, imparcial companheira,
Onde cada um, a sente singularmente.
Há quem finja, estar em momentos de pranto
Para se aproveitar das insubstancialidades dos outros,
E são esses os reais e miseráveis
Merecedores das dores do mundo.
Mas em seu fundamento,
Toda dor que é dor,
É constituída de uma falta,
De um algo que não lhe pentence,
Ou ludicamente trocando em miúdos
É a frustração de não termos aquilo
Que objetamos ser nosso prazer.

Os números


Questiono a mim mesmo
Sobre a possível origem dos números,
E num movimento regressivo
Procuro entender a razão
De tão perfeito código.
É claro que não quero criar
Com minha dúvida
Um clichê para desafiar os sábios de outrora.
Eis a charada, que conhecemos
Desde a infância numérica,
Que nos faz crescer
Em decorrer de anos contados,
Para formar a idade, quem dera a experiência.
Um nó me dá na razão,
Quando dentro da gramática difícil
De minha língua natal,
Encontro decassílabos que traduzidos
Têm significados únicos, no entanto turvos.
Oblíquos quocientes resultam
Em cima de tão cruel argumento
De questionamento humano,
Onde encontro a dor em algumas subtrações,
Força em minhas multiplicações,
Sempre adicionado minhas filosofias,
Dividindo opiniões.
Mas ainda acho,
Desculpando-me de minha soberba,
Que o homem criou os números,
Para poder contar seus desejos,
E os tornou infinitos,
Para nunca deixar de sonhar.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os passos


Um a um, no movimento compassado
Como foi assim ensinado
São os passos que dou nessa vida.
Reluto por imaginar
Que uso os mesmos passos de rebeldia
Que meus pais usaram
Para com os seus pais.
É claro que não procuro espelhamento,
Nem razão para tudo o que faço.
Assisto meus filmes,
E procuro identificar meu dia-a-dia,
Sigo a rotina por mim escalada,
Achando que nada vai mudar.
É quando o repentino destino,
Faz brincadeiras de conseqüências,
E testam a minha perspicácia,
Minha astúcia, minha casca,
Que me defende de minhas fragilidades.
Quando era criança,
Ensinaram-me a temer a dor,
E a chorar quando caísse no chão,
Hoje penso, se talvez não chorasse mais assustado
Pelos escândalos maternos
E excesso de cuidados
Para criar a barreira entre o corpo e o chão.
E hoje desconfio até da normalidade,
Pois toda calmaria, se torna tempestade,
E na impetuosidade de minha persona,
Reajo com impulsão,
Sem ter muita certeza se completarei meu caminho.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Preferência



Eis que me simboliza
Todo o profano, o irreal e o lúdico,
Quem sou, desorienta o outro
Que julga, malicia e executa
As leis que ele mesmo criou e
Moldou-se, enfatizou e disciplinou-se.
Sou eu, o louco das ciências dos homens
Que muitas vezes visto-me de branco
Pra pressupor os pecados e perjúrios
Da indignidade vil das criaturas pensantes.
Sou aquele que sai nu, despido de pretensão
E que sente na pele a brisa gélida da infâmia,
O mau hálito das indagações da falsa moral,
E o ruído estridente do orgulho e da presunção.
Minha auto-confiança me trai,
E me faz subir em arvores de imaginação
Para poder tocar o céu
E sonhar com as nuvens.
Me faz sentir o poeta, o pastor e o pescador,
Para clamar versos livres alegremente,
Alimentar meus rebanhos com sonhos de liberdade,
E navegar em pequenos ribeirões caudalosos,
Contando minhas histórias, sorrindo,
Chegando no meu mar sem horizonte.
E nesse meu mar, já com o Sol querendo ir dormir
Estando de mãos dadas com meus companheiros,
Vamos caminhar na beira d’água,
Fazer fogueiras de amizade,
Cantaremos até chegar a Lua,
Branda, suave, pacífica,
Para brindarmos nossa invisibilidade
Que os homens da ciência não enxergam.
É por isso prefiro, minhas páginas
Meus desalentos, meus talentos,
Imaginações e esperanças.

A fala


Há quem diga
Que a palavra pronunciada
Torna-se o verbo que ninguém pode destruir.
Não sei se por ato falho
Discordo intensamente
Imediatamente.
Não sei se é porque
Sou dessas pessoas que muito falam
E por muitas vezes
Perco-me naquilo que falei,
Como se dentre esse exercício humano
Chamado oratória,
Eu mesmo tenha criado meu labirinto,
E meu Minotauro.
É lógico que algumas pessoas
São fúteis, ou melhor, superficiais,
Pois fútil pode ser também fugaz,
Momentâneo, ao mesmo tempo
Sua única realidade.
Mas é nas memórias que guardamos,
Livros e sabedorias,
Filmes e emoções,
Pessoas e sensações,
Canções, risos e lágrimas.
E quando lemos os velhos bilhetes
Das promessas de amizade infinita,
De amor eterno, percebo
Que o falado muitas vezes
Se propagou com o vento,
E o escrito apenas envelheceu
Para contar novamente as mesmas histórias.

domingo, 11 de abril de 2010

A velocidade da perfeição


Dentre os instintos existentes
O da sobrevivência se sobrepõe
Aos muitos outros possíveis e outros peculiares.
Menos que exagero, e mais que natural
Cada um tem uma função interligada
Que dá origem à complexas comunidades
Essas incontáveis, ilimitadas, sólidas, mutantes.
Não existe nada que não esteja interligado.
Não há relação sem uma co-relação,
Não existe um abismo que não tenho uma ponte.
Não há imagem que não tenha perspectiva.
Não existe desequilíbrio sem que haja compensação.
Tudo é uma arquitetura divina,
Uma construção suprema, sublime, perfeita.
Um fio que tece o complexo,
Uma linha que desenha o Universo,
Uma osmose adjacente de seres,
Interminável e fantástica
Fazendo a cada dia, uma contemplação
De como podemos descobrir
Que a evolução, suprema e impetuosa,
Está ininterruptamente presente
Em tudo aquilo que nossos olhos podem ver
.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Agradecimento


Aos meus amigos, queria agradecer
Por me ouvirem, me acalentarem,
Repreender e compreender,
E por muitas vezes fazerem “eu” me compreender.
Aos pessoais, queria poder dizer mais do que já digo ...
Pois a vida é curta, e nunca se sabe o tempo que se tem ...
Aos virtuais, agradecer por mostrar seus íntimos
O que a imagem poderia inibir de falar ...
E adoro todas as horas de longas conversas
E mensagens trocadas, dos risos com as chacotas,
E das novas caras que sempre aparecem,
Cheias de expectativas por conhecer alguém novo.
É claro que eles não sabem muito,
E nem precisam estar presentes de forma física.
A virtude de agradecer me foi dada,
Como um dom que caracteriza.
E por muitas vezes incompreendido
Pelos “por favor” e pelos “obrigado”
Que já tenha dito incondicionalmente.
Explicação essa, estranha aos ouvidos dos “comuns’,
Que diz que a força maior que temos
É a da gratidão, que constrói internamente,
Materializa laços invisíveis,
E sela amizades e corações ao seu.

A máscara


O que você pretende ver através de mim ?
Encontrar com o seus desejos
Ou quem sabe se auto promover
Em circunstancias duvidosas ?
Sou uma invenção humana
Mais que isso, uma determinação.
Sou condicional, psíquica, moderadora.
Mexo com os sonhos dos artistas,
E indico mistério, sedução e morte.
Nem conheço todas minhas finalidades,
Causalidades.
Também não tenho pretensão
De expor com audácia,
A probabilidade inventiva dos humanos,
Dizendo que todas as minhas funções sejam obvias,
Pois não são.
Escondo, camuflo com um doce e tênue véu
Os olhos do algoz, do apaixonado mancebo
E do artista insano.
E dentre tantos significados que possa ter
O único ao qual me enquadro
É na personificação da fantasia,
Na alegoria da mente que prefere
Turvar a visão do que encarar
A realidade substancial de frente.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Espelho


Quem sou, ora o que o espelho me diz
Apenas considero incerto
Falar conclusivamente
Que sei o que sou, onde estou.
Tudo é parte da substância física, heterogênea firmada
Em inconstantes pensamentos, semblantes confusos.
Funciono como um relógio de humores, sem respeitar
O andar das suas próprias engrenagens.
Em ternas horas me alegro
E ponho-me a escrever versos
Uns tão íntimos, que somente eu os compreendo,
Outros tão vagos, que não há quem os compreenda.
E em horinhas de dispersão, também escrevo versos dispersos
Que tentam celebrar os delírios dos sonhadores
Que consideram sólida toda a sua ingenuidade
E pulam de cabeça dos abismos dos homens formados.
Cruzando o fantástico, e exacerbando emoções.
Não me dê significados, para eu concordar
Pois minha unidade é defendida pela única coisa que tento impor
Minha opinião.
Respeite-me, é a única coisa que peço.
Assim poderei enxergar melhor quem sou,
Através do reflexo que causo aos outros.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sensibilidade


Defina os cinco sentidos
O que eles são capazes de mostrar
De enganar, iludir a si mesmos
E aos seus donos.
Frio, umidade, necessidade de proteção.
Olho pra cima e vejo a verticalidade da água.
Condensada em um céu todo gris,
Com uma brisa gelada,
Fazendo a pele arrepiar com seus assobios.
A vista não consegue definir a distancia.
O olfato fica turvo, e os ossos pedem aquecimento.
Isso tudo nos retrai
Fazendo buscar um calor que não é nosso.
Uma proteção envolvente
Como o abraço da pessoa amada.
Até a pele fica descorada com o clima,
E junto com ela a alegria fica mansa,
Pedindo um cobertor.

sábado, 3 de abril de 2010

As perdas do Caminho


Temos por péssimo hábito
Olhar tudo aquilo que perdemos
Durante nossa vida, nosso caminho.
É claro que é uma contagem inevitável
E até inesgotável, progressiva, cansativa
De doer na consciência e no coração.
Mas a mesma consciência poderia
Talvez num momento de misericórdia psíquico
Deixar que toda essa matemática
Nociva porém humana
E se comportar como os elementais da natureza.
Por exemplo as pedras, as arvores, a água.
Que alguns pensam ser imóveis,
Porém estão sempre em mutação.
Quem diria que as rochas tão caladas, letárgicas
Transformam-se em finos sedimentos que o ar pode levar.
As arvores que perdem as folhas, que marcam sua geração,
E renascem novamente em sementes, levadas pelas águas.
E até a própria água, que liquefaz seu caminho
Evapora e retorna ao mundo como chuva.
Assim é nossa alquimia
O que perdemos nada mais é aquilo que nos fomenta
Nos refina, nos semeia, e nos renasce em cada ciclo.
O caminho é aquilo que se trilha,
Aquele que os passos definem e traçam.
E seu final somente se dá naquilo que chamamos de existência.
Onde cada um se torna responsável por sua jornada,
Lembrando que a Historia costuma ser cruel
Com aqueles que nada fazem em seu próprio caminho.

Os Dez Dedos da Mão


Como primeira forma de contar
Noção das proporções que reconhecemos
E também funções onde encaixamos as pessoas,
São com as mãos que expomos alguns sentimentos.
Desde o amanhecer de sua infância
O homem usa suas mãos pra aprender a sentir.
Dedilha, toca, sente a pressão e o arrepio
Enumera as questões, e perde a conta de suas respostas,
Pergunta a si mesmo onde estava
E com o indicador faz a análise e a direção,
Mesmo que em alguns casos
Olhe pelo esquadro de sua janela
E limite sua visão àquele quadrilátero projetado.
Também em julgo usamos os indicadores
Acusando alguém e como diz o provérbio popular
Colocando quatro dedos contra si mesmo.
Despautério, que resume a inteligência ao coloquial.
Ao rezar juntamos as mãos
E em gestos de devoção e carinho
Levamos as mesmas ao peito
Imitando o maternal gesto reconhecido.
Quanto mais puder aprender sobre a anatomia
É com certeza que, na lembrança mais inconsciente,
Os maiores movimentos registrados na memória
São a flexibilidade e possibilidade
Que meus dedos sempre me propuseram
E refletiram na minha personalidade
Perseverante, ambiciosa, articuladora e possuidora
De uma essência etérea, não menos gasosa que a das intenções
Mas muito valiosa por ser toda ela própria.