terça-feira, 18 de agosto de 2015

Quando acordo


Quando desperto de meu sono,
Ou mesmo de uma ilusão,
Ainda não sou eu que me percebo ...
É meu corpo que está a tinir sentidos ...
Latejo-me ...
Nessa hora, enquanto se restabelece a percepção,
De alma, de espaço físico,
Sou eu ... o Eu primeiro,
Aquele que tem em si,
O poder de posse de suas medidas,
O alcance do espaço do impensado,
As medulas em ebulição,
E todos os pulsares involuntários ...
Inclusive, nessa hora primeira,
Não sinto culpa, nem vergonha,
Nem me sinto eu, porque ainda não me sou ...
Acho que apenas inconscientemente,
Nessas primeiras respirações,
Nesse primeiro contato com a anunciação do dia,
Vejo que não me permito a insônia,
Vilã maléfica daqueles
Que têm mais esperança do que atitude,
Porque isso não me foi ensinado ...
Mas acordo menos animal do que o dia anterior,
Menos radical, menos bondoso,
Apenas nessa hora onde sinto,
Que meu corpo é meu limite,
Que a ele pertenço,
Assim como ele me pertence ...

Desnudo


Luz e sombra,
Vento e frescor,
Dia e Noite,
Visão e Intuição,
Sol ao dia e Luz a noite,
Vontade de sentir ...
Vontade de ter vontade ...
Liberdade de sentir vontade,
De ser Natureza e parte dela,
Do todo e da forma,
Assim fazer parte ...
Enfiar os pés na terra,
E dela renascer, e crescer ...
Ser água, e nela penetrar ...
E na pele sentir os pêlos balançarem aso vento,
E nessa Natureza dar-se o âmago,
Até a inexistência de todas as vergonhas humanas ...

Mascarado


Quando deixo meu instinto falar,
Fico surdo ... entrego-me !
Deixo meu ego frágil,
Revelar seus negros desejos de destruição,
E violentamente assumo essa carga voluptuosa ...
É meu segredo, que escondo até de mim,
Pois o inconvencional seria,
A forma mais animal e rústica,
Mais prazerosa de incorporar este prazer ...
Sinto necessidade desse romper,
Dessa brutalidade para poder me acalmar ...
Desejo de desejo, por palavra,
Por toque e força instintual ...
E como se esse jogo masturbatório,
Me fizesse jorrar de prazer,
Até escorrer entre as pernas ...
Um combinação de palavras penetrantes,
Braços que se enredam em pegadas fortes,
Línguas hábeis, viscosas a serpentear,
Úmidas e com sabor de prazer,
Pelas minhas entranhas e boca ...
Não peço compreensão e nem misericórdia,
E ainda acho que por mais que atinja um êxtase,
Não trocaria tais hábitos,
Nem tais pecados,
Nem muito menos, tais desejos ...


Entre a casa e o botão

Entre os dias e períodos de placidez,
Existem vazios vazios,
Mas vazios de derivação de coisas mesmas,
As quais me fazem refletir,
Se o que vale a pena em ser,
Pode ser apenas o ser em si ...
Talvez seja esse o sobrenome do tédio,
Ou até mesmo,
O tempo demorado e exaustivo da rotina,
Essa mesma que tortura os ansiosos,
E alimenta os preguiçosos de viver ...
Um pensamento que não me sai do espírito,
É o de ter de concordar com tanta coisa,
Tanta unanimidade disléxica,
Tanta rédea e cabresto, chicote e estribo,
Onde podemos ser tão livres ...
E muito menos exatos ...
Minha alma chora nessa hora e instante ...
Ao ver como escada rolante,
Dá-se essa evolução ...
Que se repete e ganha nome ...
Assim como a leve pressão,
Que prende a casa ao botão ....