domingo, 21 de fevereiro de 2016

Medo de gente


Tenho medo de escuro ...
Medo de águas escuras ...
De solidão e ignorância ...
Tenho medo, medo
De pessoas perfeitas ...
De horários marcados,
De ansiedades adultas,
De assuntos infantis,
De perder a malícia,
De não entender a inocência ...
Tenho medo demais,
De desistir de mim,
De olhar um alguém com carinho,
De não ser correspondido,
De ficar amargo como fel,
De não entender mais o que sinto,
Tenho medo de saber tudo,
De saber que sei,
Que o que não sei,
É aquilo que realmente será o eu ...

Dias ... dos dias ... e meus dias ...


Eu pergunto à quem espera,
E quem espera se pergunta,
Se em sua dúvida, logo esperança,
O tempo, esse amigo cruel,
Findo de misericórdia,
Leve, indiferente e alheio de conceito,
Se há oportunidades,
Vidas e acontecimentos esperados,
Nesse então porvir ...
O tempo, criatura atemporal,
Real e açoitadora,
Cria ilusão de que podemos ganha-lo ...
Mas ele ri em contrapartida,
E nos abençoa com suas críticas,
Reveladas em nossos ossos e pele ...
Há quem faça se achar melhor,
Há quem diga estar melhor,
Mas uma coisa é certa a nós mortais,
Para problemas de dinheiro,
O trabalho resolve ...
Mas para problemas de tempo,
Somente a paciência ...
Sejamos então naus egoístas,
E aprendamos que
Tempo perdido não volta mais ...

Pilastra


Eu tenho histórias,
Assim como todos têm ...
Mas em algumas, não nego,
Prefiro inventar um personagem,
Para que possa acreditar,
Que eu sou quem eu sou ...
Esse sou, vem carregado de muitas coisas,
Lotado de minhas questões,
Em algumas vezes percebo-me frágil,
Porém nunca perecível ...
Um tanto excêntrico,
Mas com escolhas óbvias e banais ...
Se pareço ter forças,
É porque penso nas plantas de meus pés,
E vejo a inofensividade de meus tornozelos ...
Eles arquitetam meus passos,
E sustentam meu corpo,
Que tem a leve propensão,
De cair pro lado esquerdo.
Meu personagem conta histórias,
Umas minhas, outras inventadas,
Mas que sirvam pra ligar pontos,
Lugares, pessoas e amores ...
Pois estes são sempre difíceis de encontrar
Mas em meu projeto
Arquitetônico imaginário,
Engenhoso em confabular sonhos,
Não consigo enxergar força,
Pra carregar a maldade humana,
Nem a divina inventada
Por humanos que não sabem nada perder ...
Deve ser porque
Enquanto me mantiver paralelo,
Nu e constante a meu personagem,
Serei mais autêntico,
Mais livre e menos arrogante ...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Voltar ...


Em tardes distantes,
Pelas minhas ladeiras fáceis,
Da minha vida e de outras,
Faço o regresso descansado,
Pretenso ao meu bel prazer,
O de descer, e descer em mim,
Sempre um pouco mais,
Dos meus lados superlativos e bobos,
Exatos em pensamentos,
E perdidos de vontade de certeza.
Um alivio, esse regressar ...
Não que isso seja uma poda,
Um formar, ou um moldar ...
Apenas uma pequena liberdade,
Que traz uma porcentagem de sorriso,
Ao canto direito e paralelo ao esquerdo
De minha boca ...
Uma pequena alegria desconstruída de ganância,
Apenas mais um chegar,
Que sempre me faz bem ...
Pois é aqui que eu pertenço ...