sábado, 22 de novembro de 2014

Quando Dor é Dor


Dor que é dor,
Que se diz Dor de Verdade,
Faz-se desesperar ...
Faz-se chorar ...
Faz-se nublar ...
Faz-se explodir vontades insanas ...
Faz-se querer arrancar o coração, os cabelos, a roupa ...
Faz-se correr desesperadamente ...
Imaginar incrivelmente,
Desejar profundamente,
Apelar instantaneamente,
Ao braço trêmulo e estendido da Insegurança ...

Para Falar Menos


Quando me pergunto,
O que devo fazer para ser mais inteiro,
Tenho a resposta mais ampla,
Vaga que vem do meu próprio interior,
Ou seja, o Silêncio ...
Então compreendo, ou procuro compreender,
Que o ouvir mais,
Implica no ver mais,
Te faz sentir paralelamente,
As dores do outro,
Mas não te põe no lugar dele ...
Você acha um ponto de observação,
Onde não é nem um, nem o outro,
E sim você mesmo ...
E estar consigo mesmo,
E enxergar o outro como outro,
Já te dá mais saber,
Mais margem, e limite.
E te faz entender que inúmeras vezes,
As pessoas se dirigem a você,
Falando de coisas delas mesmas ...

Incentivo a Qualificação


Definição de tempo, sim.
O que julgamos ser certo,
Assim como nossos pensamentos,
E nós mesmos também,
Mudamos ... ou melhor, adaptamo-nos.
Mas não tenho paz suficiente,
Para ativar meus filtros próprios,
Porque antes apenas me preocupava em ter sonhos,
Agora, me preocupo em cumprir prazos.
Ouvi dizer que no final da Vida,
Encontramos um resultado,
Uma resposta pra nossas questões ...
Mas tenho medo desse encontro,
E explico-me, não pelo medo da idade,
Mas pelo medo de chegar a tal ponto,
E não ter sabedoria para aceitá-lo ...
Pois entendê-lo,
Seria uma audácia muito grande,
Perniciosa, unânime logo burra.
Mas meu entendimento ainda é básico,
Porque tenho inconstâncias, muitas,
Ainda resultantes da minha criação,
E nem por isso tomo remédios para dormir.
E se o sono é santo,
É porque nele,
Meu espirito pode repousar, e tranquilo ficar,
Até meu próximo acordar ...


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Para se quebrar o Silencio ...

O que difere o Sempre e o Talvez,
É o que eu chamo de Enigma do Hábito.
Pois nessa química, intempestiva,
Selada, Vil e Adequada,
Conciliamos o prosseguir com o caminhar ...
Todos os caminhos convergem um dia ...
Afinal, neste mundo, e no meu mundo,
Até as pedras se encontram,
Mas fica a questão enraizada,
Cristalizada e Cética,
Onde pergunto-me se devo,
Se seria possível, expressar-me.
E neste mesmo ato, vem a resposta.
Essa que abala as paredes de meu coração,
Que é bobo, e parece ter conduta própria,
Inerente as crianças ...
A mesma que sofre com a ingratidão alheia,
E a não predileção das mães negligentes.
Mas por vezes, percebo quando excedo meus limites,
E extravaso minha capacidade,
Disfarço essa liberdade com alguns goles de vinho,
E assim, disfarço ser possuidor,
Ser autêntico dono desta liberdade ...
Pra poder aceitar minha própria inconformidade ...

Vítima

Ao se entrar na Tristeza,
Faz-se um grande exercício,
Há quem chame de esforço,
O de mudarmos os olhos, assim a visão,
Do momento, da circunstancia, situação.
Buscar discernimento aéreo,
Um respiro, oxigênio,
Uma forma desse não sofrer,
Uma linguagem cheia de alívio,
Uma correspondência de balsamos nas feridas,
Mas algumas não estão visíveis,
Ou racionalmente acháveis,
Pois etão incrustadas no espírito,
Causam dores incessantes,
Náuseas de existir, inconformidades e inércia.
Mas para afastarmos esses males,
Temos de estar dispostos a preencher,
E encher lacunas, auto-completar,
Estes espaços com material simbólico,
Eficaz, verdadeiro e não menos lúdico.
Agirmos certo, pensamos certo,
Praticarmos um egoismo saudável,
Com a profilaxia examinada e concreta,
E evitarmos os maus hábitos diários,
Assim como quem sofre do fígado,
E toma colírio pra sanar suas dores ...



Arte de ser Árido

Algumas coisas, não são pra qualquer um ...
Outras, muito menos ...
Enquanto se brinca com a espontaniedade,
Senão, fingindo o natural,
Resguarda-se em si mesmo,
O dom de ser seco, árido,
Retorcido, semi petrificado.
Mas somente quem carrega essa porção,
Desértica, ressequida e desidratada de sentimentos,
É que entende o duro viver,
Sem carinho, sem compreensão e sem explicação de ser.
É onde encontra-se o confronto,
Do Viver e do Sobreviver,
Do Ser e do apenas Existir.
Guerra essa, enraizada na antiga memoria,
Onde não se pode escolher os caminhos,
Apenas podendo ter como destino, o seguir.
É uma ausência de som,
Talvez até de espirito,
Onde a robustez do resistência,
Transforma-se em farpas que se estilhaçam,
Na pressão do dia a dia,
E não há possibilidade de perdurar,
Reconstruir-se a partir do destruído ...
Mas apenas quem nasce com esse dom,
O de ser Árido,
É que sabe o que se sofre,
Dentro de seu próprio silêncio ...

domingo, 16 de novembro de 2014

O Falar

A compreensão é uma exclusividade humana,
Assim como o raciocínio,
Pelo menos é o que dizem,
Aqueles que se dizem estudiosos ...
E o ato de falar,
Foi concebido pelo medo do inexistir ...
A necessidade extrema de laços,
O medo supremo da solidão,
E outras desculpas mais ...
Apenas enumero o que me vem a cabeça,
Porque descobrir este porquê,
Está além do que eu mesmo possa explicar ...
Mas a palavra é venenosa ...
E ao mesmo tempo também antídoto.
Este exercício está mais a cargo dos sábios,
Aqueles que ouvem muito,
E pouco falam ...
Porque tornou-se corriqueiro o falar,
E junto com ele, o sentido do quer se dizer ...
Assim como até as pedras,
Lapidam-se, desgastam-se os acréscimos,
Os significados daquilo que quer ser dito,
Também pode ser refinado.
Peneirado por uma razão,
Antes de ser espalhado ao mundo, sem freio,
Logo então perdendo-se a importância.

Arquitetura Emocional

O que aqui se faz, aqui se paga ...
Já dizia o ditado popular ocidental,
Meramente incrustado no consciente das pessoas.
Mas ao desenhar a sua historia,
Viver o seu dia, e o dormir sua noite,
Embora, mesmo que inalteradamente,
Comum a todos,
É que escreve-se em fatos,
Erguendo-se o seu eu emocional,
Utilizando ações nossas, essas em movimento,
Já que o pensamento não é um ato,
E a transformação da ideia neste,
Exija atitude, senão expressão ...
Assim como o escrever liberta,
O agir, transmuta o etéreo para o real.
Mas as ações não tem a mesma densidade,
Nem volume, nem velocidade do que as ideias.
As concepções, em geral, compostas de ideias velhas,
Muitas vezes, são sempre recicladas,
Pois o novo é sempre mais atraente,
Exigente, sedutor e necessitado de persuasão,
E assim, se diz mais racional ...
Observando essas mudanças,
Vemos no antigo, a repreensão da Liberdade,
À qual não sabemos administrar,
E pretendemos ser um novo Norte ...
Almejar sem alicerce,
Muitas vezes sem sucesso ...

Significado para a Morte


Fim,
Eis que paira uma pergunta,
Eis que paira um medo,
Eis que paira uma incerteza ...
O que para muitos,
Explica-se como "o chamado de algo maior",
À mim, não posso dizer o mesmo ...
A perda é algo que fere o ser humano,
E desde sempre, ele inventa,
Cria, recria e principalmente acha,
Que contorna essa idéia imutável ...
Pra isso, acredita-se em religiões,
Moldando-as aos seus medos ...
Sendo que a aceitação da Imperfeição,
Seria o Pecado Maior já cometido ...
Pra isso já existe a penitência de existir ...
Pois morre-se um pouco a cada dia,
Inexiste-se força interna, personalidade,
Em cada opinião corrompida.
Isso me faz enxergar,
Um pouco de Beleza na Ignorância ...
Ao mesmo tempo que exagero,
Esforço e dedicação desnecessária,
Àquilo que jamais voltará ...
Mas que perpetua no Medo da Perda.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Linha Ininterrupta

O caminho é a definição exata de seus passos,
Sejam próprios, sugestionados
O que interessa é onde se quer chegar ...
Quando se pensa em uma linha reta,
Pensa-se na tranquilidade tão almejada,
Uma comparação falha pois,
Uma reta não quer dizer uma linha plana,
Principalmente quando trabalhamos as dimensões,
Nas quais somos sujeitos à existir.
Ao longo da Vida,
Vemos o inicio sem ver o fim,
Assim como quando a este chegamos,
É fato, que esquecemos muito do inicio ...
Deve ser porque no Final,
E no Afinal,
Percebemos que criamos curvas onde não existiam,
Fazendo-nos crer que transpusemos obstáculos,
Sendo que o fator tempo mais ação,
juntamente com o vetor direção,
Dariam movimento, logo solução
À tal jornada ...
Mas prefiro por-me em estado laico,
Cru de Razão, um pouco isento da Ignorância,
E não enxergar tais atributos,
Como qualidades míopes da Vida,
Onde somente se vê de muito perto,
Tudo aquilo que seus próprios pés,
Já registraram ao longo da tua estrada ...




Pecado Original

Como pode alguém nascer,
Já culpado, condenado e fadado,
A carregar em suas costas, espirito e mente,
Uma historia que nasce antes do avô,
De seu bisavô e heranças perdidas,
De uma justificativa de insegurança,
Logo, Imperfeição de existir.
É necessário que antes do Respeito,
Da Gentileza e Razão,
Aprenda-se então a submeter-se
Ao exercício e ao exagero e prática,
Dos velhos costumes e incompreensões ...
Isso me põe raiva,
Raiva sim, pois tira a possibilidade da Escolha,
E do verdadeiro Livre-Arbítrio,
O qual tão pregado,
Falado pra convencer
Não sai da tinta dos papeis impressos ...
Nem muito menos das mentiras dos Homens.
Mas a definição de pecado,
Ao meu ver egoísta e desalinhado,
Não passa além daquilo que não se faz com prazer ...
Onde tornamo-nos mecânicos e espelhados,
E maldizemos tudo aquilo que não entendemos ...
Porque ainda somos cobertos
Pelo manto sagrado da Velha Ignorância,
Que ainda tenta tudo explicar ...



terça-feira, 21 de outubro de 2014

Para se Festejar Amores Antigos

Amor, sempre traz com ele dúvidas ...
Sejam elas, a da Insegurança,
A da Saudade, e a da Incerteza ...
Assim como também existem,
Os muitos tipos de Amor ...
Há aqueles que moram no Espírito,
Assim como aqueles que moram no Passado,
Filhos-Fruto da Experiencia.
Mas, friamente analisando,
Somente podemos falar,
Daqueles que já vivenciamos,
Que demos alimento e os vimos transformarem-se.
É claro que falo assim,
Pois não acredito que nada no mundo se acabe,
Ou transforma-se em algo bom,
Ou volta pra fonte pra se rematerializar,
Aprimorar-se  dentro de nós.
Ao longo da Vida, os colecionamos.
Não sei o quanto somos capazes de guarda-los,
Ou se aprendemos cada vez mais com eles ...
Só sei que vejo as marcas no rosto,
No corpo e espírito
Daqueles que os vivem da forma intensa e torta,
Desabonando-se e dando-se mais do que recebe,
Desequilibrando a equação bela,
Ininterrupta, misteriosa, oculta
E não menos poderosa
Que são os Amores Possíveis dos Mortais ...


Rarefeito

Nem sempre aquilo que se sente,
Visível ou tátil, sensorial ou extremo,
Têm significado compreensível.
Aos homens foi dada a missão
Da compreensão de tudo,
Assim como da invenção de Deus,
Para poder justificar seu desejo,
Sua ganância e perseverança estúpida de Perfeição.
Não que eu esteja livre disto,
Pois enquanto espirito encarnado,
Assim como dizem algumas doutrinas,
Sou homem, sou humano
Logo passível dos mesmos erros...
E infortúnios também ...
Mas eu tenho essa mania de observar,
Buscar razão
E explicar aos outros suas próprias atitudes,
Forjando em mim, filtros,
Os quais não tenho comigo mesmo.
Acho que é mais fácil compreender,
Do que ser compreendido.
Nessa figuração, uso meu máximo,
Meu poder de fantasiar hipóteses,
Torna-se uma fonte inesgotável ...
Enquanto de mim pra mim mesmo,
Não sou capaz de cogitar,
Sequer imaginar a simplicidade
De um possível  livre arbítrio.



domingo, 12 de outubro de 2014

Enquanto não se chega

O maior sonho ainda é,
Aquele do qual se acorda na esperança,
De poder vivê-lo no mundo real.
Que a regra não seja sempre a mesma,
Aquela de horário comercial e horas extras,
Viciantes e realmente inúteis,
Pois afinal, o tempo atual,
Crucial, Sublimático e Imperativo,
Exige dos homens, conclusões gasosas,
Certas e comburentes como o oxigênio,
Para conceder-lhes um pouco de Vida,
Evidencia ou mesmo Significado.
O que é triste, em importância,
Porque o sentido torna-se um vetor criado,
E não criativo, efervescente,
O qual não quer dizer propriamente,
Desejo de Viver ...
E na cadência inexorável do tempo,
Há a mutação humana que se segue,
Seja física, seja espiritual, seja intelectual,
O que não abrange em si,
O termo simples da Perfeição,
Pois essa é tão frágil, quanto impiedosa,
Que depende apenas do próprio tempo para se definir ...
Mas ao homem foi dada a missão maior,
Sendo ela, de busca e boicote.
Assim como aqueles animais,
Que mordem a própria cauda,
Girando em círculos intermináveis,
Somente oscilando entre o hoje e o amanhã,
Meneando-se e metrificando,
A velocidade da aceitação e conformidade.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Ida e Retorno


Dificuldade é saber onde se está ...
Uma vez que para se encontrar,
Assim como para encontrar novos caminhos
É necessário estar perdido ...
Mas, acho que em gesto humilde,
Mais simples do que possa parecer,
É voar sobre os medos,
E reconhecer que planar em direção de volta,
Também seja um novo caminho ...