sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Medo de pó



Amanheci com medo hoje,
Não aquele comum, igual medo de escuro,
Um que não sei explicar,
Mas me faz sentir vivo ...
Tão vivo quanto minha necessidade de pressa
E de acordar ...
A pressa que tenho é o resultado
Do atraso que não tenho ...
E meus nãos, fazem-me olhar as pessoas,
E achá-las ridículas e necessárias,
Tais quais alguns de meus desejos,
Mascaradamente duplicados ...
É meio que olhar sem ver,
E sem a nefasta mania de raio X,
Que me é inerente ...
Não é um exercício de contemplação,
Pois estou triste comigo mesmo ...
É o ato em si, da própria visão,
Onde o que se adora,
É a poeira ...

O muro


Emaranhar palavras não me faz mais inteligente,
Nem mais intenso como penso,
Apenas me serve para buscar significados,
Alguns libertadores de minha rotina.
Daquilo que acredito,
Dividem pelo menos, tudo em três ...
Misturo sim e reparto,
Aquilo que é melhor acreditar ser meu caminho,
Mas busco não pelos caminhos de treva,
Nem escuros, pois deles,
Tenho o medo que me foi ensinado.
Tenho uma obediência burra e míope,
E por precaução equilibro-me no caminho do meio ...
Não aguardo recompensas, nem presentes,
Porque no fim, e por resolução,
É de vitorias e castigos que ansiamos ...
E a neutralidade é o algo,
Que nunca me foi ensinado,
Este muro sempre foi feito muito alto,
E coberto de cacos de opinião,
Para que você ao pisar nele,
“Caia” em um dos lados da escolha ... 

domingo, 8 de julho de 2012

Para saber ser bobo ...





O que é ser bobo hoje em dia ?
Como já dizia Clarice,
Somente o bobo é capaz de excesso de amor,
E só o amor faz o bobo ...
Em si, os complementos são sempre adquiridos,
Mas sem muitas incógnitas,
Sempre haverão espertos e bobos,
Aqueles que não conseguem dormir,
Pois estarão preocupados com um amanhã,
Onde poderão tirar vantagens,
E lentamente,
E morrerão de preocupação e úlceras ...
Já também existem os mais naturais,
Aqueles que se preocupam com o viver,
Mas não esse viver de bem estar cronometrado,
Um viver mais natural, onde o tempo é tempo,
E não números em preto e vermelho num calendário ...
Assim é melhor parar e refletir,
Será que estou sendo precoce,
Em querer viver mais seguro e mais a frente com meus planos ???
Ou será que são meus medos mascarados,
Que fazem criar planos incessantes para o futuro,
Temendo a não existência do meu amanhã  ???
A melhor resposta, não terá exatidão ...
Pois se vivo com medo de viver,
E a minha melhor forma de me defender,
É criando este “eu” personagem,
Acho melhor então recriar-me a partir deste então ...
Ainda mais porque se vivemos nas incógnitas,
Nas circunstâncias e possibilidades,
Onde as porcentagens são apenas números,
Prefiro voltar aos meus sonhos ...
Onde lá, não preciso ter vergonha de minhas escolhas,
E sim apenas ter força interior,
Para torná-los bússola da minha vida.


Pondo em dia ...





Felicidade é um estado,
Que habita incondicionalmente,
Entre a rotina e a tristeza.
Não existe quem seja feliz o tempo todo,
E nem quem nunca tenha ,
Seus momentos de felicidade mesmo que poucos.
Ao que analiso, vejo e percebo,
Ser mais simples, viver mais simples,
Sem tanta margem de escolhas possíveis,
E algumas outras impossíveis,
Nos tornam capazes de sobreviver melhor,
Fugir das inúmeras angústias,
Artificiais, não nossas, sim implantadas ...
Mas como ser então mais simples,
Se buscamos uma sinceridade,
Que habita na frieza de algumas religiões,
Ou no ceticismo das ciências loucas humanas ?
É mais um paradoxo de vivência,
Ao qual só nos resta descobrir,
Cada um seu próprio caminho para a tal felicidade ...
Seja ela acompanhado, ou mesmo só ...
Mas tal filtro de pensamentos,
Não nos foi dado de graça,
Mas que podemos sim alcançar ...

Bitucas



Engraçado, na verdade até triste,
Ver como as pessoas se auto destroem,
Sejam pelos vícios, sejam por seus atos,
Ou mesmo, umas as outras.
Em fato, palavras são tão destrutivas,
Tão venenosas e sentenciadoras,
Que chegam a sangrar os tímpanos,
Uma vez que proferidas ...
Flechas de curare.
Mas não é apenas de maledicência,
Improviso e de efeitos de vitriolo,
Que se enchem as falas,
E sim de parábolas, ensinamentos e dúvidas.
Assim como as regras que são cantadas,
Contadas e ensinadas de geração em geração,
Sendo um segmento certo, uma linha,
Uma divisão eterna, onde não existe meio termo,
Entre o mérito falso do certo,
E o castigo iminente do errado.
Mas é numa alquimia pessoal,
Quase sempre escondida,
Que se dá uma luz ao próprio espírito.
Um pouco de alivio depois do sofrer,
Um bálsamo no contorno da ferida,
E só o tempo pra reerguer e edificar.
Mas sempre haverão aqueles,
Que terão o excesso e o orgulho,
E os consumirão em tragos profundos,
E se insuflarão forçando suas pleuras,
E estes serão sempre uma maioria ...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Resultado



Definição do viver é um algo,
Um quê, uma razão latente, indescritível,
Imprescíndivel, inquietante.
Talvez definir pausadamente,
Seja oblíquo, torto e dotado de amplidão,
Porém, a quem tenha tempo suficiente,
Ou até mesmo interessante,
Consiga melhores pareceres,
Agindo no sopetão da Vida.
Há pessoas que tem o hábito de avaliação,
Resmungo e propriedade de suas vidas ...
Coisa que eu acho que só fazem na verdade,
Para se sentirem melhores que os outros ...
Mas eu considero que mesmo assim,
A Vida é um pouco de tudo o que temos dentro ...
É um em enredado de fios crespos,
Uns de esperança, cruz, escárnio e ovo cozido,
Numa massa que é difícil de deglutir ...
Acho que por isso vomitamos azedos e constantes
Ácidos conteúdos que não aceitamos ...
Ou aceitamos por um tempo,
Até vir uma outra definição do que é certo,
Ou conveniente de existir,
Igual água que cai pra baixo,
Ou outras imbecilidades que procuramos provar,
Para nos sentirmos mais confortáveis,
Dentro de uma inteligência
Instituída e artificial, que não é nossa ...

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Memória, Realidade e Esperança
















Dê-me um sonho místico,
Coloque três mendigos mágicos,
Tire-lhes o olho direito de cada,
Para que possam enxergar teu destino,
E fuja assim como disse a minha mãe.
Quando eu quiser isso interpretar,
Sei que terei trabalho,
E não sei se quererei chegar num ponto ...
Se é que este exista ...
Mas contesto-me a fé todas vezes,
Não mais que ultimamente, irregularmente,
Olhando meu dia a dia, desimportante,
Necessário e ininterrupto,
Onde penso se o significado do passado,
Habita apenas na memória ...
Eu penso no tempo,
Como numa maré efusiva de vontades,
Umas cumpridas e outras curtas,
Ao qual, exibo clareza de palavras,
Marcadas e rodeadas de vento e hálito.
Não meço o meu entendimento em breve,
Quem dirá em exato, ou meramente real.
Penso de forma abstrata,
Para me abster de culpa ou sortilégio,
E prefiro acreditar enumerando as fases,
Onde no Passado mora a Memória,
No Presente vivo a Realidade,
E no Futuro, ainda acredite ter Esperança ...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Curso de Datilografia





Escrever pra mim, um tipo de liberdade...
É ter voz letrada, manuscrita de tecnologia,
Com algum rancor diagnosticado,
Porém menos atroz do que se parece.
Mas para escrever sua lingua, atente-se.
Uma lingua nunca é igual a outra,
Seja por seus simbolos, seja por sua aspereza ...
E muito mais por aquilo que queira dizer ...
E este falar, imprescindivel aos que o descobrem,
As vezes vai ao fogo, para purificar ...
Porque ele proprio já é uma purificação,
O que faz sempre sentirmos mas leves,
Mais soltos e menos culpados ...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Dúvida


Eu tenho um eterno efeito noturno dentro de mim ...
Mas feito de quatro fases,
Que até hoje não sei se são lunares,
Ou se são as próprias estações desencadeadas,
Rasgadas e desfolhadas coloridas de meus fluídos.
Para cada uma, um estado frágil ,
Quebradiço de tênue emoção ...
Converso com pessoas efusivas,
Cheias de conteúdo e medo da solidão,
E elas me apresentam meus medos,
Mascarados como se fossem os delas.
Mas eu não me repito,
Porque já sou um pleonasmo ...
Assim como a historia que me foi contada,
Que me fez acreditar que eu era,
A causa e uma solução de um problema,
Que nem sequer meu era ...
Acho que foi uma fase obscura,
Passada eu sei, mas enraizada na alma ...
Logicamente, que as crianças tristes e brancas,
Que sempre moraram em apartamentos cinzas,
Sem oxigênio e sem movimento,
Apenas com os segredos que as fechaduras conhecem,
Nunca entenderão o que digo ...
Mas eu tenho dúvidas côncavas ainda,
E algumas que sei que não obterei respostas,
Pois a própria sou eu ...
Sou adversativo eu sei, porque não poderia ser diferente.
Sou uma religião em si ...
Mas, as vezes, como nos últimos dias,
Permito-me pecar, para poder ter algo a dizer,
Não a ninguém, e sim a mim mesmo ...
Porque um dia ainda quero escrever sem nós,
Sejam eles na garganta, ou no meio de minhas pernas ...
Mas até lá, espero poder estabelecer ordem,
No meu calendário caótico de amanheceres ...
Para acordar sem perder a hora,
E ser fiel àquilo que realmente desejo ...

sábado, 21 de abril de 2012

Jejum

Pois bem, depois de passado este dia,
Pergunto a mim mesmo o quanto importante pode ser,
Um feriado de dia santo,
Para aqueles que não se limitam,
Em achar que seu jejum já os tornem santos,
Sem mesmo se sacrificarem,
Nem que seja sua frágil carne humana,
Ou mais nobremente
Suceder à alguns caprichos de suas almas.
Talvez o ponto de referencia não seja o mais comum
Nem mais profundo, nem mais profano.
O que difere o santo do maldito, o justo do desequilibrado
Não sei, e nem a mim cabe julgar,
Quero mais é me isentar de direções,
De correções erradas, e acentuações impróprias.
Que seu parágrafo comece quando o meu terminar.
Que tenha nos tempos de falar e ouvir,
O entendimento e a coerência que num sonho talvez
Consigamos estabelecer isso como realidade.
Não diga tuas palavras como se tua oratória fosse divina
Pois o ser humano é falho e maravilhoso.
Inventivo, entusiasta, cheio de uma graça incomum aos animais.
E se esse Deus que os homens criaram
Realmente puder ser a maior grandeza e justiça,
Cabe a Ele sentenciar o que os homens fazem ...

E a mim, apenas ter fé ...

Caco de espelho

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Quando posso estar aqui,
Lembro e penso, não distante me recordo,
Daqueles que me dão inspiração,
Seja por amor, ódio, resolução,
E porque não, em maior parte indiferença ...
E vejo o espelho que sou, um eterno reflexo.
Serei eu, um oco sem personalidade,
Que nunca age, apenas reciprocamente reage,
E depois de um tempo, retardado de passado,
Revê a conclusão, para lamentar a razão ?
Infelizmente, não sou desses espertos,
Que fazem planos de amanhã,
Juntam dinheiro e dão importância,
E satisfazem-se com viagens e pequenos luxos,
Ninharias de caminhos em mapas traçados,
Sem tesouros abençoados, sem pesquisa e sem louvor ...
Gostaria de um dia poder acordar,
Saber que dormi e sonhei com a realização,
Mas geralmente, minhas noites são curtas,
E meu sono não me pertence.
Mas faço de vagos momentos, tempos ...
Vontade de escrever, sem me fragmentar ...
Tomo notas em qualquer papel, dobro e guardo,
Para nunca mais achar graça no que me escrevi.
Eu acho que o meu Eu, existem outros mais,
Um para o dia, outro para a tarde,
E não me acho uma dessas pessoas,
Que dividem o dia com uma hora de almoço,
Ou que tenham uma referencia em preto e branco,
Meio que cinematográfica, meio trago em botequim,
Ou que tenham tantas histórias pra contar,
Mas me satisfaço com os risos, mesmo que escritos,
Daqueles que me lêem, e que comigo se escrevem assim,
Não que as palavras, sejam o meu pensamento real,
Ou mais do que isso, um realidade alternativa inventada.
Mas eu gostaria de exprimir mais do que isso,
Porque ainda gosto é da lacuna,
Pois nela sim, é que construo,
Um verdadeiro sentido para o meu entender ...





terça-feira, 17 de abril de 2012

O Repetido


Eu, sempre o Eu,
Nem menos, nem mais,
Somente o apenas ...
Mesmo assim o misterio ...
Devo ser algo como aquelas lampadas magicas,
Que se acendem com esfregões,
E liberam genios do instinto,
E outros genios também ...
Serei eu, um pleonasmo massificado de mim mesmo,
Ou mais um apenas, que se resigna,
Ao pensar que veio eximir os pecados de seus pais ?
Rumino sim culpas,
Para poder pregar meus pés no chão,
Mas não me pergunte aquilo que não sei,
Se não tenho alcance de respostas,
É porque meus pés tem a perpendicularidade exata,
E não retiram os dedos afundados,
Um tanto enraizados,
Na forma estranha de achar de ser e entender ...
Ao abrir minha mão,
Magra, esguia, sem maciez,
Deixo esvair-se a areia que ganhei com meus mestres,
Assim como vejo que meus conhecimentos são falhos,
Porque a cada dia tenho uma duvida reinventada ...
Acho que sou o aluno que busca boa nota,
Mas que senta sempre na fileira diagonal ...
Porque não suporta o foco ...

Desvios e Contornos


Eu crio constantemente,
Quase que ininterruptamente,
Minhas expressões próprias,
Coisas que eu falo e me falo,
Procurando entender o meu dia a dia,
Sem a azia de julgamento alheio,
Por isso escondo circunstancias de mim mesmo,
E procuro leituras onde me achar ...
Esse exercicio de perfeição,
Como madeira incrustada de pedras,
Algumas de sal e outras preciosas,
Espero estar fazendo uma boa obra,
Mas que não seja uma cruz,
Para servir de modelo junto com as outras ...
Espero uma tranquilidade, um momento ...
Que seja melhor de que este que vivo agora ...
Assim como este já foi melhor do que os passados ...
Mas vivo da minha intermitencia,
Como a frigideira e os ovos,
Que um dia sonharam em ser aves,
E lhes foi privado o direito de voar ...
Mas no meu silencio
É que posso enxergar o som,
Que eu desejo experimentar ...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Pra um novo fim ...


Por que temos necessidade de falar ?
Por que temos que por pra fora o que pensamos ?
Por que ?
Porquês do silencio e da memória ...
Pois aceitação do momento,
Será contrariedade do passado
Porque a esperança somente pertence
Aqueles que olham para o futuro ...
Mas sou desses que tenta ligar pontos,
Igual aquelas brincadeiras de revistas de papel jornal,
Que no final revela um desenho ...
Mas minha alma repousa no mundo vibratorio de meu corpo,
E meu espirito é muito inquieto
Para padrões quietos ...
Assim inicio mais um ciclo,
Mais pensamentos,
Pensamentos ...
E novos porquês ?

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Egoquilibrium ...


Eu sinto uma dor,
Que na verdade nem é dor,
É decepção por não poder ser,
Fazer ou conseguir,
De certa forma ou no meu todo,
Agradar a todos ...
Um tanto ridículo de se dizer,
Até fútil, assumir isso,
Mas fico frustrado sim,
Fico azedo, torto e incapaz ...
Sem saber o que fazer com as mãos ...
Seria hipócrita se não dissesse assim ...
Pois tento sim, ser um pouco mais aceitável do que já sou ...
E não me enganarei dizendo o contrário ...
Graças a minha mãe, carrego este trauma,
De ter sempre a bandeja, o sorriso e o bem servir,
Que me pressionam com o peso
De seus pratos sujos, engordurados de seus lucros,
E largados sob minha responsabilidade ...
Até começar a quebrar as louças e as cordas ...
Acho que isso é um despertar,
Para mais uma vez buscar pastor,
Para a minha ovelha negra ...
Fazê-la caminhar junto as outras,
Para poder se sobressair ...
E lógico que esses pensamentos,
Efusivos e sem coordenação,
Só acontecem em minha cabeça
Por faltar-lhe algo que a preencha ...
Mas ainda acharei um símbolo
Dentro de meu próprio misticismo,
Que ascenda os olhos e me faça enxergar a mim,
Assim como são citados nos ditados,
Que qualquer criatura altruísta sabe de cor e salteado ...
Mas anseio por este tempo ...
Eu o quero sim, apenas não sei quando me bastará ...

Da Vulgaridade Humana ...


Negamos sim, mas todos temos.
Olhamos para fora e notamos,
Repugnamos nos outros,
Muitas vezes, aquilo que não suportamos em nós ...
Um pequeno truque nosso,
Infame e religioso,
Para implantar barreiras, cercados, muralhas,
Onde nos sentimos melhores e mais seguros ,
Assim como o número de perdões dados.
Mas obscuramente, melodicamente,
Passa-se entre o vão dos dentes cerrados,
Algumas vezes, gastos de tão rangidos,
Por muitos esforços em vão,
A mediocridade do orgulho paterno,
Os ensinamentos doutrinados e vis,
Que calam as vozes primeiras do instinto ...
Temos razões vulgares ...
Opiniões vulgares,
Fomes vulgares,
Desejos vulgares,
Olhares vulgares,
Intenções vulgares,
E somos muito piores do que isso,
Quando negamos isso ao mundo,
Que dirá a nós mesmos ...
Fantástica alucinação de ser e estar,
E de dentro do corpo físico,
Gritar ao Mundo :
“Eu estou aqui ...”

Cada vez ...


A cada vez que rompo um limite ...
Sinto o vazio e a decepção de ter de aprender,
A conviver com um novo eu ...
Falando menos ...
Acho que passo a ter mais sgnificado ...

sábado, 7 de abril de 2012

Lágrima


O que pode te fazer chorar ?
Quantas vezes, pergunto-me isso ...
Se é por circunstancia, ou por instabilidade,
Ou por pensamento, lembrança ou motivo de dor.
As vezes, alguns sentimentos de nostalgia,
Alguns bons, passados e sem retorno,
Outros atrozes , ferozes e sem ter como cicatrizar ...
Infelizmente não acho palavras nem expressões,
Que traduzam ou retardem seus efeitos,
Só sei o que sinto,
Muitas vezes, um tanto inesperadamente
Desencadeados sentidos e sentimentos ...
Penso que falo o que gosto,
E vivo em controvérsia com os outros e comigo,
Assim como a esponja de minha pia,
Que se enche de água e sabão,
Insufla-se para poder lavar e limpar,
Gorduras e ressentimentos ...
Mas se esvazia quando apertada.
Tenho metáforas dentro de mim,
Pois afinal não consigo paralelizar minha opinião,
Do resto de mim, e como sou humano,
Também não gosto da verdade ...
Pois ela dói e as vezes é dela que corremos ...
Embora nos enganemos de fantasias,
Umas de força, outras de beleza,
Ou aquelas fulguras que os números nos dão ...
Mas que nada, nem aonde é certo ou findo.
Sou então, o habitante da ponte,
Porque estou ligado aos extremos,
Mas por segurança, ou talvez medo,
Prefira habitar o meio, que é sobre o ar ...

Camelo


Ruminação,
Interessantemente a Natureza,
Criadora das espécies,
Utilizou no homem este mesmo mecanismo,
Mas o colocou na memória ao invés do organismo ...
Eu não tenho muita identificação,
E nem auto propriedade de atribuir a mim,
Que nada rumino ...
Pois trago no meu sangue,
o DNA dos que passaram fome
E que tiveram sua pele armadurada pelo Sol,
Por isso, que as vezes até passo mal,
Mas não consigo digerir alguns pensamentos,
Mesmo que estes se tornem sapos não beijados ...
E também acredito que seja por isso,
Que tenho essa necessidade de água,
Mais que o normal que ouço os outros dizerem que bebem ...
Talvez um retorno ao útero primeiro,
Quase seco pelo que me disseram,
Então vivo em busca dessa compensação ...
As criaturas que conseguem viver sem água,
São incrédulas, amargas e retorcidas,
Como os cactos que segregam água sagrada e insípida,
Pela ideia de dificuldade que lhe foi herdada,
E esperam por um perdão que não existe ...
Mas em goles forçados e deglutição mecânica,
É que sobrevivemos deste estranho ato de se alimentar,
Um pouco se envenenando de conteúdos alheios,
Um pouco se abstendo de seus próprios venenos ...
Mas que aparecem na adversidade em pequenas golfadas,
Jorradas diretamente em nossa insônia ...
Perturbador sim, mas como nunca se pegar em um momento,
Ou em outro, a averiguar-se em tal avaliação ?
O estomago que temos no cérebro,
Deveria ter um folhoso, um filtro maior,
Que pudesse filtrar-nos para estarmos sempre tão límpidos,
Quanto a água que ansiamos por beber ...

terça-feira, 27 de março de 2012

Raposa


Confirmação ...
Como é estranho precisar de definição,
Ter de ser sempre algo ou alguém,
E nunca um meio termo ...
E termo e meio a definir-se
Dentro do que é o que o olho do homem enxerga ...
Mas não o vê ...
Se sou cão, ou se sou lobo,
Ou aquilo que posso ser ...
Mas tenho ardilosa liberdade,
Voz doce, sutilmente sedosa
Envolventemente sedutora,
E intrigantemente limpa ...
Falo por reticencias pra nunca deixar claro ...
Pois habito a entrelinha,
Crio o esboço e fantasio a lacuna ...
Assim sou, e aprendi que essa é minha defesa,
E assim me gosto e me faço gostar ...
Mas a minha intenção,
Somente eu conheço ...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Complexo


Hoje foi um dia dificil,
Não posso negar,
Pois por mais que minha boca estivesse calada,
Meus sinos de consciencia e inconsciencia,
Bateram por horas dentro de mim ...
Torturei-me, ao me calar,
Mas tinha que fazer com que esses sons deixassem de ecoar dentro de mim ...
E como todo eco,
Só se vai com o tempo,
Diminuindo, abrandando-se ...
Não tenho muito entendimento,
E não conheço a razão ou intuito,
Onde possam-se caber as culpas por estes pecados.
Mas sei que os carrego, e eles me esquartejam ...
Acho que este menos que sinto,
Deve ser o merecimento,
Por ter me transformado em personagem da vida,
Sem nem ter tido a oportunidade,
De conhecer outros universos,
Experimentar outros corpos e sabores,
E muito menos o considerar dos homens ...
Que são cruéis e fantasiosos,
Ao ponto de transformarem seus filhos,
Naquilo que eles mesmos não são,
Eis a covardia ...
Eis o enigma ...
Eis o destino ...

sábado, 24 de março de 2012

Ao dizer ...


Ao dizer algo,
Geralmente esperamos o reflexo,
Sejam de atos, sentimentos, argumentos e ignorancias ...
Mas tem algo parafusadamente crivado na garganta,
Que escolhe o que soltar,
As vezes brumas sussurrantes de ira e amor,
Ou arrotos gástricos ácidos de angústia e
Fermentados de gênero oposto ...
Mas nada menos do que palavras que açoitam o entendimento,
Maltratam ou moldam a visão alheia
A respeito de nós mesmos,
Que não temos espelhos em casa ...

Aniversario da Ovelha Negra


Estranho dizer-se ovelha negra,
Uma vez que rebeldia não seja o meu forte,
E sim o que tem dentro de mim ...
Que não seja de praxe achar interessante ser avesso
Mas apenas diferente ...
Pois indiferente daquilo que se auto proclama,
Ovelha mesmo que negra,
Precisa de rebanho pra se desgarrar,
E um pastor para dele fugir,
E esse já não o tenho ...
Ao conversar com alguns vejo neles fantasias,
Esperanças corroídas de solidão,
Assim como os portões de ferro fechados,
Oxidados com a urina dos cães.
Falam-me de quantidades,
Assim como os garotos que querem mostrar proezas,
Mas com coisas as quais não me arrisco ...
Assim defino, que minha ovelha vive solta,
Mas não bale, sibila ...
E tem dias que anseia por carne e sangue,
Pois por natureza mórbida e imprecisa
É carnívora ...
Mas que cada um seja capaz de ter visão de si mesmo,
Penso neles e oro por eles,
Mas não por misericórdia,
Porque a própria em si, é cruel de se sentir ...
E sim pela direção para cada espírito inquieto,
Incompreendido de si mesmo,
E que se pergunta que horas são,
Sem mirar o tempo que corre em suas veias ...
Pois é esse que os afoba ...
E estabelecem num tipo de loucura,
Linguagem própria para alguns,
Uma rotina cíclica de auto punição e gozo,
Pois os dois os atordoam ...
Mas que isso seja parte de mim,
E que eu ande paralelo com o perigo da voz da má influência,
Porque isso me dá metamorfose e viscosidade ...
Malicia de mim ...

terça-feira, 20 de março de 2012

O homem acorrenta-se,
As verdades, que ele acredita,
Ao termos, aos quais se submete,
Aos protocolos proprios, que ele chama de liberdade,
A um ideal de procura de felicidade, que ele marca como objetivo,
A uma propria solidão, pra se eximir de outros males,
E assim pensando ser unico, livre, não menos pecador,
Fantasia seus dias e caminhos,
Sem pensar que esta matematica insanamente psiquica,
Estenda-se ao campo do seu proprio instinto ...
Condenando a si mesmo, a ser si proprio ...

sábado, 17 de março de 2012

O que é divino ou que é profano,
habitam dentro de mim de uma forma harmoniosa e equilibrada ...
Em tempos, um lado sobrepõe o outro,
mas em seguida vem a compensação ...
Mas de uma coisa eu tenho certeza,
é nesta adversidade que habita meu eu mais constante ...
As vezes observador, as vezes agente,
mas nunca sem menos importancia ...
Algumas coisas são esquecidas,
Outras apenas adormecidas ...
E tem pessoas que despertam em nós,
Coisas insubstanciais,
Impactos e reações ...
Assim é, e não há necessidade de entendimento,
Voce absorve e o tem pra si ...
E não há necessidade de explicação.
Apenas palavras e a cadeira onde leio e sento ...