segunda-feira, 1 de maio de 2023

Apenas


Viram-se as ampulhetas, 

Os ombros, os destinos, as cabeças … 

E eis o que sobra … 

Dúvidas a mais ou certezas concluídas ?

Ouço histórias, vejo reações 

Contradições …

Minha opinião arrogante me impede de falar, 

Porque afinal, as pessoas não são o que dizem 

E sim o que percebemos delas …

Eis então o silêncio espontâneo 

E as frases vagas, de verdades não ditas 

O meu egoísmo me impede de muitas coisas 

Muitas ações, explicações 

Percepções minhas, julgamentos meus 

Minha particularidade cruel … 

O meu apenas … apenas … 

domingo, 30 de abril de 2023

Raposa


Os períodos são longos 

E as vezes, os boicotes 

O cansaço do espírito se faz 

E você se vê boiando num mar de tédio

De insensatez e não aceitação 

Porque a sua voz não transpassa

Não racha a tosca casca do ego 

E você sedimenta dentro de si 

Sedimenta, cala, ouve as vozes dos antigos 

Que assombram, flutuam em seus sonhos …

Mas uma hora tudo acontece 

Você renasce 

Você se encontra por não ter mais alternativa 

E quando se aceita,

Percebe que tudo o que você mais temia,

Era ser você mesmo … 

Mesmo sendo você … 

E que os nós da cabeça, 

Sejam apenas os alheios,

Os que não estão na nossa responsabilidade de desatar …

E que lá fiquem … 

Afinal, eles não nos pertencem

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A cria

Fortaleza, sim pareço ...
Bons hábitos, sim os tenho ...
Medos, tenho disfarçados ...
Contradições, choro em segredo...
Tenho um domínio instável,
Tranquilo, morno e insosso
Da minha própria vida,
Que a qualquer folha caída,
Sinto a inconstância de meus galhos.
Sou gente, mas pareço planta,
Porque dependo da fotossíntese diária,
Da expurgação dos meus males,
De minhas tristezas,
Resultados das minhas expectativas,
E dos sonhos de quereres impróprios ...
O controle de sua própria Vida,
Tem aspectos estranhos,
Onde você percebe que,
Tudo o que criou,
É sua responsabilidade, sua culpa,
E você tem de suportar,
Admitir, manter e gerenciar,
Sentimentos, sonhos e pessoas,
E sonhos de pessoas,
E expectativas suas ...
O que entristece o seu coração,
Muitas vezes, é o resultado
Daquilo que ele mesmo construiu,
E que o outro não vê...
Mas, quem sabe um dia,
Após mais erros e preces,
Horas sem sono, trabalho,
Cafés, músicas e solidão,
Eu aprenda a aceitar a culpa,
E consequências,
De tudo o que crio ...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Asa curta

São em momentos específicos
Em que seja Deus, seja a Vida,
Trazem o algo do aprendizado...
Ganhei uma caixa de areia,
Para nela brincar e fazer desenhos,
De minha história e das que ouço...
Eu misturo inocência e malícia,
Confundo o que deveria ser dito,
Com o silêncio daquilo que se sente,
E vou me mantendo criativo,
Porque não quero me dar a rotina...
Dentro dessa caixa, mora um anjo ...
Mas ele tem asas curtas,
E voa ao alcance das minhas mãos...
Mas ele não sabe que é anjo,
Sua natureza só é enxergada pelos alheios ...
Ao conversarmos, presto atenção em suas palavras,
É como reaprender, aquilo que já sei,
Mas esqueci em algum lugar,
Em algum não sei porque...
Eu guardo pessoas, dias e momentos,
Na lembrança, no coração e íntimo.
E me admiro que ainda
Encontre a energia da empolgação dos iniciantes ...
Esse anjo me ensina um pouco disso,
Porque ele me fala em sonhos,
De olhar a vida como uma chance,
Uma possibilidade de magia e conforto.
Eu o encontro de verdade,
Quando rezo e penso no imaterial...
Nessa hora é como se eu sentissse seu sorriso,
E sua vontade
De se aninhar sobre meu peito,
E dormir feito passarinho ...
Mas não o culpo,
Porque no fundo, na crua realidade,
O que todos procuram,
E não dão nome, às vezes,
É essa segurança...

domingo, 9 de dezembro de 2018

Ponto falso

Odeio aquilo que me fascina,
Pois dele, fico escravo.
Porque sei que vou me preocupar,
Em preencher, acompanhar,
Ei de ouvir e compreender,
Entenderei contrastes, logo terei paciência,
Que pra mim, é um esforço.
Mas acho que faço esse exercício,
Porque não quero reconhecer,
O que detesto em mim,
Pois falo demais,
E penso ser inteligente,
Mas no final, é o meu jeito
Minha forma de lidar com aquilo,
Que tenho mais medo dentro de mim.
Que é assumir que sou aquilo,
Que procuro amparar,
Pra que ninguem perceba isso em mim ...
Costumo dizer que não tenho sonhos,
Porque meu maior medo,
É a frustração de querer ser especial,
Mas passar despercebido ...
Então pago com a moeda da atenção,
Aquilo que tenho em débito comigo mesmo ...

O Senhor do Outono

De tempos em tempos,
Invento coragem e saio dos trilhos,
Perco-me logo ali,
Dentro de minha propria casa,
Abro gavetas, e guardo segredos,
Em meias furadas,
Essas mesmas que protegem
Os mesmos pés que as furaram ...
Não são segredos na verdade,
É a minha imaginação,
Que assim os classifica.
Eu falo de uma sabedoria,
Que vem do coração ...
E não me pergunte o porquê,
Eu vivo coisas no paralelo,
Ouço pessoas demais,
E me dou o trabalho,
De percebê-las felizes ...
E que como os bobos,
Com elas também fico feliz.
Então concluo que não sou,
Nem quente e nem frio,
Nem semelhante e nem diferente,
Sou eu o termo ameno,
Que dá continuidade as coisas fantásticas,
Mas passo despercebido,
Com passo furtivo, esguio,
Mas não menos pesado e certeiro
Que me façam cair em pé
Após cada balanço e tombo
Que a propria vida me dá.


sábado, 9 de setembro de 2017

Pessoas bonitas

Mas afinal de contas,
O que é que nos atrai em alguém ?
Como sempre, um tema divergente,
Afinal, existem diferentes tipos de preferência ...
A idade refina algumas delas ...
A beleza se torna outra ...
Os olhos miram homens e mulheres
E os acham atraentes, sedutores e possíveis ...
Alguns são belos e sabem disso ...
Alguns são interessantes e não tem noção ...
Alguns são especias e nos tocam a alma ...
Por vezes, me perguntam
O que vi nele ou nela,
E só sei que senti ...
Não dei ouvidos aos olhos,
Apenas deixei que o coração absorvesse ...
Há homens maduros
Em conjunto com um vinho,
Se tornam o prazer perfeito,
Assim como mulheres,
Que com sua natureza,
Façam-nos desejá-las instintivamente ...
O sexo é uma tênue linha
Que compreende desejo e instinto ...
O amor é invenção humana ...
E esse sim, é que faz com que nos percamos ...

Para falar do trabalho das abelhas

Quando conta-se uma história,
São necessários alguns fatores,
Números, personagens, ações ...
Credibilidade, fé, construção ...
O próprio jogo de palavras,
Por si só tem de convencer o ouvinte ...
Pois não há nada pior,
Do que ser ouvido com descrença ...
E a escrita é um dom dado aos homens,
Para apenas registrar o que já está encaminhado,
Pois se é para o futuro,
A idéia por mais que não aconteça,
Alguém a teve e a transformou em texto,
Em expressão e conteúdo.
O mesmo se dá ao passado,
Pois estará registrado mesmo que em memória,
Porém de uma forma que em algum outro lugar,
Estará em forma de palavras já executadas.
Até mesmo as mentiras, assim como as verdades,
Necessitam de registro ...
Pois essa é a repetição que se dá ...
Os indivíduos constroem palavras e vidas,
Num ciclo comum, inerente a todos.
É algo tão cíclico, que quando me pergunto
O quanto sou importante,
As vezes, me vejo como não prioridade.
A´invejo as abelhas ...
Pois são belas e não precisam de méritos,
Nem bondades ...
Nem adjetivos ...

Um dia ...

Um dia eu quis
Voar como nos meus sonhos,
Correr e saltar como fera,
Ter liberdade e coragem,
Ser quem não sou ...
Ser aquilo que imaginam de mim,
E não têm coragem de perguntar.
Quis ter mais sonhos, vontades,
Coragem e certezas ...
Menos medos e menos insegurança.
Acho que esse tempo não se esgotou ...
Porque quando penso no presente,
Não tenho certeza no que acredito.
Pois olho a vida como
Quem está dentro de um trem em movimento.
Como quem anda pelo vagão
E não sai dele ...
Não é porque falo do presente,
Que eu tenha entendido o passado.
Aprendi a mediar o silêncio,
E aquilo que não se fala ...
Mas ainda continuo querendo coisas ...
Algumas táteis, outras invisíveis,
Outras verdadeiras ...
E outras que eu gostaria que fossem verdade ...

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Medo de gente


Tenho medo de escuro ...
Medo de águas escuras ...
De solidão e ignorância ...
Tenho medo, medo
De pessoas perfeitas ...
De horários marcados,
De ansiedades adultas,
De assuntos infantis,
De perder a malícia,
De não entender a inocência ...
Tenho medo demais,
De desistir de mim,
De olhar um alguém com carinho,
De não ser correspondido,
De ficar amargo como fel,
De não entender mais o que sinto,
Tenho medo de saber tudo,
De saber que sei,
Que o que não sei,
É aquilo que realmente será o eu ...