quinta-feira, 29 de abril de 2010

O trinco da porta


Como posso falar de meus medos
Sem falar dela, que de tão cruel,
Encurrala-nos a consciência,
Amedronta nossos íntimos
Sussurra gelidamente frases cruas
Que não queremos ouvir.
A Solidão, errante e terrível,
Por um tempo mal do século
Pelo hoje uma inimiga camuflada,
Assombra o Homem e os seus.
A ausência de amor, ou de alguém
Assola a qualquer um,
E me faz relembrar um tempo
Em que sentia na pele,
Os sinais físicos dessa maldição.
Lembro deste mesmo tempo ido,
Que a hora mais temida,
Era a de abrir e fechar
Minha porta da frente
Pois a solidão muda
Utilizava seu eco carrasco
Para fazer o som do trinco da porta
Percorrer a casa sorrateiramente
E voltar a meus ouvidos
Revelando, que lá Ela imperava.
Concordo com aquele
Que precisa de momentos de solidão
Pois estes não me são tão raros
Quanto necessários
E neles, as vezes escrevo
Sobre os muitos “Eus”
Que existem e já existiram,
E que continuam povoando
Esse macrocosmo que sou eu,
Repleto deste próprio amor
Que busca a felicidade.

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