segunda-feira, 12 de abril de 2010

A fala


Há quem diga
Que a palavra pronunciada
Torna-se o verbo que ninguém pode destruir.
Não sei se por ato falho
Discordo intensamente
Imediatamente.
Não sei se é porque
Sou dessas pessoas que muito falam
E por muitas vezes
Perco-me naquilo que falei,
Como se dentre esse exercício humano
Chamado oratória,
Eu mesmo tenha criado meu labirinto,
E meu Minotauro.
É lógico que algumas pessoas
São fúteis, ou melhor, superficiais,
Pois fútil pode ser também fugaz,
Momentâneo, ao mesmo tempo
Sua única realidade.
Mas é nas memórias que guardamos,
Livros e sabedorias,
Filmes e emoções,
Pessoas e sensações,
Canções, risos e lágrimas.
E quando lemos os velhos bilhetes
Das promessas de amizade infinita,
De amor eterno, percebo
Que o falado muitas vezes
Se propagou com o vento,
E o escrito apenas envelheceu
Para contar novamente as mesmas histórias.

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