sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minha Concha


Seguindo o exemplo
De Clarice, que já dizia,
Transformo-me e aceito de antemão
Os persígnios deste meu caso.
Onde acho forças
Senão dentro de minha concha ... ?
Como me protegerei
De um mundo ao qual
Ando e vivo em desacordo,
Onde meu inimigo
Mora dentro de mim.
E em pequenos lapsos,
Açoita-me e esquarteja-me,
Levando-me então à agonia.
Eis assim, que manifesto,
Com pequenos movimentos,
Meu desenvolvimento,
Minhas ações, meus egos.
Não posso vacilar,
Nem sequer um instante,
Pois as animosidades,
Estão em todos os cantos,
Prontas a me surpreender ...
E como não ser orgulhoso
Desta massa complexa,
Compacta, imune, única
Que sou Eu.

Oração ao Deus do meu coração


Senhor, eis me aqui,
Teu servo, obediente, digno e vero
Diante de Ti prostrado,
A pedir Tua clemência,
Teu afago, tua ternura,
Consequentemente teu Perdão.
Sigo as regras dos Antigos,
Que a Ti não deram nome,
Para que os maus não pudessem
Ousar de usar Teu Santo Nome.
Acalma-me Pai,
Enche-me de júbilo,
E conforta minha alma,
Quebranta todos os males,
Os dos outros e os meus
Que me atingem.
Transborde meu coração,
Com tua Glória e Amor,
E reforça-me os ânimos,
Para que eu possa
Unicamente louvar a Ti.
Agradeço Pai,
Pelo meu dia, pela minha Vida
E pelo ensinamento de cada dia,
Que se passa pelos meus minutos.
Entrego agora em Tuas mãos
Óh Deus do meu coração,
A minha Vida, e a vida daqueles que amo,
Para que o Senhor
Faça a obra, e o milagre.
E traga a Tua esperança
Para o meu acordar
E Tua paz, para meu dormir.
E assim Senhor abençoe
Ao meu mundo e todas as sementes
Que nele brotam.
Amém.

domingo, 16 de maio de 2010

O abismo que sou Eu ( a inevitavel separação )


Do que adianta o amor,
Se este não tiver dono,
Nem destino, ou endereço?
Reconheço-me como dois,
O principio e precipício que sou eu,
O Eu que me limita e dá ponto de partida
E outro que desconheço e me põe medo.
Num sou claro, belo e virtuoso
No outro sou desditoso, maldito e obscuro.
Mas quem sou Eu na verdade,
Se me encorajo pelos desejos,
Mas me enfraqueço pelos medos?
Em meus momentos de anjo,
Clamo as palavras afáveis
Que as almas aflitas necessitam,
E em meus algozes momentos
Sibilo ironias, destilo verdades ásperas ...
Serei eu, aquele que preza
Por algo meu, ou algo seu ?
Existiria a remota possibilidade
De co-existir algo nosso ... ?
Nesse ensejo, tenho muito mais o que pensar,
Pois nem consigo organizar idéias ,
Nem páginas sequer números.
Minha única lei, a qual penso
E por entrelinhas necessito,
É a da gravidade, ou para os externos
A do equilíbrio que busco,
Pois apenas assim,
Ou pelo menos ponho fé nisto,
Poderei levitar e atravessar
Este vácuo que compreende você ...

O Enforcado e a Atitude (Insustentabilidade)


Como posso eu me condenar
Se em tudo o que julgo errado
Tenho apenas a porcentagem da culpa
E a mesma quantidade de responsabilidade
Daquilo que diz respeito a “Nós”.
Se este Eu que te acusa,
É o mesmo que é teu réu,
Diga-me o quanto posso,
Ou mesmo consigo
Carregar esta condição,
E consequentemente teu veredito.
Serei Eu, tal qual Atlas,
Ou serei, apenas o infeliz culpado
Sentenciado a tua perpendicular opinião.
De ti sei que preciso,
De teu contato, de tuas mãos e lágrimas.
Tuas respostas, tuas questões e teus exageros,
Sua insubstancialidade, inconstância e poder,
Creio assim, somente me controlo.
De mim, o que posso compartilhar
Senão minha raiva e meu medo de te perder,
Ao mesmo tempo
Degladiando dentro de mim
Entre seu sim e meu não.
Mas a quem estou respondendo
Nem que sim, nem que não,
Eis que me pergunto,
E dou sequência a este desidério,
Punindo-me desta minha iniqüidade.
Sou digno de meu orgulho,
E como penitencia
Sofro a incompreensão
Disto que chamo de Amor.

sábado, 15 de maio de 2010

Fale ( poesia do Amor sem sorte)


Fale,
Apenas diga tudo o que não quero ouvir ...
Fale, diga abertamente
Direto e francamente
O que esta a se passar por nós.
Não suporto a indiferença
Que mora num instante.
Pois sou ao extremo constante
E perco o meu sono
Ao imaginar, e ensaiar
Uma possível e obvia separação
Do meu Eu do seu Você.
Fale, quebre este silêncio,
Torturante, desesperador
Que corta minha carne,
Rompe minha dignidade
Fere meu ser ...
Rasgue seu verbo,
Bata em mim com sua verdade,
E quebre este cálice de fel,
Que tem sido nossa sonhada vida.
O que posso eu fazer,
Senão pedir que Fale,
Quebre este silêncio carrasco
Que antecede minha solidão.
Fale o que te importa
E declare meus males
Para que deles eu possa
Ao menos, tentar o Perdão.
Acho que Deus fez o arrependimento,
Tendo plena certeza,
Da seriedade de Seus Castigos ...
Mas fale, eis meu ultimo pedido
Para que possa assassinar mais friamente
Aquilo que me sustem de você ...
Pois teu silêncio,
Me serve como as marteladas
Que me pregam em minha cruz,
Que incessantemente
Faz jorrar meu sangue
Que banha este Amor ...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O menino que se achava homem


Não é de meu costume
Retratar pessoas, e sim elogiá-las.
Mas pela minha admiração
Não posso deixar por branco,
A impressão que tenho de alguém especial.
Serei breve, pois a mim
Não cabe esta profundidade.
Mas desta vez, farei observações,
Pois a Experiência me dotou deste poder de análise.
Eis que falo de alguém
Que cheio de auto-confiança,
Comportamento intrigante, brejeiro,
Não menos fascinante e belo,
Pois é humano logo complexo ...
Cheio de olhares, versos e trejeitos,
Esboça a sedução e charme,
Em fotos e frases ambíguas,
Para evitar a solidão.
Sim, eu sei de seus medos, suas esperanças,
E de outras coisas, que nem sabe que eu sei ...
Mas confesso que gosto,
De todas as vezes que o vejo,
E muito mais de quando falo com ele.
Vejo suas defesas, precipitando força,
Como dizem os comuns da unanimidade,
De personalidade forte,
E acho engraçadas suas respostas ...
Poderia dizer-lhe muito mais,
Mas acho melhor apenas cumprimentá-lo
Desejar-lhe uma Boa Noite de Sonhos,
Onde ele, mais Menino do que qualquer um,
Pode ser valente e príncipe,
Herói, Homem e sonhador,
E continuar minha admiração.

Ciclo sem Fim


Gosto de citar pensamentos e frases
Alguns tão subjetivos, particulares
Que dentro de minha pretensão,
Acho que todos concordam
Com meu peculiar método de apreciação.
Tudo tem a ver com minha historia,
E nem sempre falo de Amor,
Pois este, se não for na 1ª pessoa,
Que seja sobre o Amor alheio,
Porque não será sobre mim
Que passarei a tudo admirar.
Assisto as musicas, e fecho os olhos
Para ver em qual canto de mim
Algumas notas irão parar ...
Meus ouvidos são o receptáculo do Universo,
Meu único e esplendoroso Universo,
Os pensamentos ficam leves
Como o tinir das cordas do violino
E alongam-se minhas alegorias ...
Essa poesia me embala
E esqueço do tempo e do espaço,
E me assemelho ao acrobata
Que desce se desenrolando
Lentamente de suas faixas de cetim.
Penso na alegria circense,
A imitar a fantasia,
E nos deixar com gosto de sonho,
E saudade do som do acordeon.
Brinco de poeta, resumindo,
Escrevendo versos imunes, sublimando,
Mas ainda busco Felicidade,
Sou humano, acredito em minhas opiniões
Por isso sempre persevero,
E disso é que me sustento ...

Constelação de Virtudes


Em um meio-dia de uma meia estação
Estava Eu a pensar
Sentado em cima de minha pedra de memórias
A observar meus horizontes.
A minha vista se perdia
Partindo das imagens do passado
Cheias de significados
Algumas de sons e espantos
Outras de sorrisos e teimosias,
Indo parar onde finda o meu Sol,
Nos paralelepípedos deste caminho
Ainda vejo, o Eu menino,
A equilibrar-se no meio fio,
Que contornava os canteiros daquela praça
Ainda a caminhar em direção ao oficio.
Tudo se torna uma câmera lenta,
Desta auto-contemplação,
E é claro que a maturidade,
Anda lado a lado com o tempo
Mas reconheço ter dificuldade
De conciliar os números
Os nomes e a importância dos amigos.
Neste ínterim ainda
Permito-me criar novas palavras
Sentenças e equações filosóficas
Que em minha auto-concepção
Serve-me de disfarce para as aflições
E quando é de noite
Deito em meu verde tapete
Feito de mar calmo, espumoso e de serestas
E contemplo meu negro céu,
Me ponho a contar estrelas,
Que povoam minha Vida e Fantasia.

domingo, 9 de maio de 2010

A Pérola e o Ponto de Vista


Revelação, demonstração e espontaneidade
Num súmulo de segundo
E por acidente muitas vezes
Acontecem aparições de nossa personalidade.
Não podemos negar
Que por mais racionais que sejamos,
Ainda somos seres orgânicos,
Pensantes, emotivos e logo variáveis.
Em vista de situações
Vemos o quanto somos frágeis
E necessitamos de nossas conchas,
Nossos confortos, nossos lares.
Observo as pessoas e o mundo
De dentro de minha concha,
E mesmo assim encontro inimigos
A quererem o que é meu ...
Também não posso culpar ninguém
Por querer algo tão afortunado
Como a segurança, e o zelo.
Mas não perco a sensibilidade
E nem meu julgo,
E ainda acho que neste universo
Existam muitas conchas
Com pérolas únicas
E basta um coração para achá-las.

Possibilidade


Nasci da dificuldade,
E foi Nela em que me criei,
Mas dentre estas circunstâncias
Encontrei verdade poderosa
Para criar esse meu olhar
E mirá-lo para o horizonte.
Sim, que minha interpretação errada
Tem berço na vida
Construção de meu pai,
Vitima das más línguas
E infortúnios da impulsividade.
E o que lhe sobrou foi
Senão as cascas das feridas invisíveis
De seu roto espírito.
Sua culpa, coitado,
Esteja talvez em sua limitação
E no máximo que seus dedos
Puderam alcançar.
E dentre o que me ensinou
Além do respeito servil,
Da voz e palavra controlada,
Existe também a simplicidade,
A esperança e o trabalho.
Não falo de honra,
Pois a seria errôneo e mesquinho,
Falo de composição,
De organismo e tetraedricamente
De sentimento, e ponto de partida.
Mas como dizem alguns,
Que também não conheço todos
Cada um é responsável por si,
E por colorir sua história
Para não passar no preto e branco
De tudo aquilo
Que não queremos ouvir.
Eu amo o longe, e a ele me dedico
Acredito na retilínea possibilidade
De atingir meus horizontes.

Adjetivos sem fim


Em memória aos amigos,
Como poderei deixar de elogiá-los
Seja pela beleza, ou simplicidade
Seja pelas palavras, ou pela simplicidade
Pelos íntimos confessados
Pelos pecados compreendidos
Pelas conversas bobas e sem imaginação ...
Sem desmerecer posso citar
Incitar, ocultar, explicitar muitas idéias
Contando com eles, ou temendo suas opiniões
Mas peço a todos que me perdoem,
Pois mesmo evitando
Sempre falo o que penso,
E com eles aprendi a Dizer,
Pois vêm e vão
E não tenho como acompanhá-los
Porque a Vida assim o quis.
Mas como de praxe
Como são lindos os sorrisos
De Ana, Marcelo, Célia, Junior,
Beth, Darlene, Henrique e Débora.
Os olhares arrasadores sem iguais
De Junior, Simone, André, Mauricio
E as doces palavras companheiras
De Deise, Paulo, Antonia e Sonia.
As conversas informais, porém criativas
Com Rafael, Nando, Eduardo e Leandra
Que tanto riram como me fizeram rir.
A beleza, mais do que física
De Patrícia, Fabio, Daniel e Amanda,
E os discursos intelectuais e certinhos
De Anderson, Gilberto, Andréia e Carmem.
À todos, e os mais que não citei,
Deixo meu coração, meu bem mais precioso
Pois por mais sutil que seja nosso contato
É com vocês que partilho,
E reconstruo algo um tanto inconstante,
Que é minha opinião.

Passagens


A ampulheta de meu Tempo
Faz correr o compasso do meu coração
Desacelera as ansiedades
Consola minhas aflições
Amadurece meus desejos.
Hoje, depois da Experiência
Ainda não me acho apto
Para se dar o luxo de não Errar,
Subestimar, Desencorajar ou Humilhar,
Nenhum daqueles que convivem comigo.
Sou velho para a inocência,
E descuidado para a malícia,
Mas me aventuro ainda
A acreditar nas pessoas
E buscar paixões novas
Descobrir caminhos ...
Marco sonhos, encontros, possibilidades
Imagino cenas, desenho prazeres
Apenas num piscar de olhos.
Serei eu, alguém mais do que um sonhador ?
Se eu me der a audácia de responder
Conhecendo-me como conheço
Iniciaria um questionário
Que tomaria tanto tempo
Que nunca haveria de resolver
E deixaria de usar minha colina de pensamentos
Onde crio e fantasio
Toda a minha Realidade.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Canção para teu sono


Por inúmeras vezes,
Na forma mais terna
É em nosso anoitecer
Que acontecem esses momentos
Que tanto gosto.
Nessas horinhas mudas, cálidas
Vejo o teu sono, teu dormir,
Que parece não ter esquecido
O embalo de tua mãe, o ninar
E a necessidade de afago.
Aproximo-me de teu calor
Já em nosso ninho
Esperando o contato físico
E vontade de abraçar.
Passo a mão em teus cabelos
Acariciando teus pensamentos
Enrolando meus dedos em teus sonhos
Beijo tua testa
E respiro teu ar.
Sinto tua pele, lembrando o pêssego corado
Que se arrepia com o orvalho da manhã,
E vou me acomodando ao teu corpo
E encaixando lentamente
Enroscamos as pernas umas entre as outras
E tecendo nosso ninho.
Claro que não posso falar
Das coisas que habitam nosso sono,
Pois as fantasias imporiam limites
E a inveja dos não felizes, coitados
Ficaria cega, pasma e muda
A admirar aquilo que ela
Nunca compreendeu.

Inconstância


Culpa, nada mais,
Isso me foi sempre mostrado
Para medir o quanto
Variável pode-se ser.
Encaro tal brusca medida
Com sincero desprezo,
Olhando a mim mesmo
Julgando, sofrendo, assistindo
Esse melodrama que sou eu.
Enfadonhamente, incessantemente
Continuo a caminhar,
Porém nem todos os meus passos
Sejam para a frente,
Também tenho momentos que
Sinto-me plantado na estagnação
Dos conselhos e opiniões alheias.
Fico agressivo ao não conseguir
Decifrar metáforas singulares, particulares
Pois dentre minha pérfida perfeição
Não existe espaço
Para algo que não seja meu.
Sou o autor e único responsável
Pelo desarrumo de meu gênio,
Da infantilidade de minhas coerências
E da cegueira induzida de minhas decisões.
Sou alma, drama, existo e findo
Dentro deste mesmo copo d’água
Que neste momento você bebe.
Posso ser amargo comigo mesmo
E insuficiente as expectativas dos ousados
Pois eles sempre esperam
Por aquilo que não conseguem externar.
Em minha essência posso ser líquido
Mas meu comportamento
Prova que de nada sólido
Posso chamar, senão o momento.
E de dentro de minha casca,
Como já dizia a poetisa
É que surjo em forma de metamorfose
Constante e imutável
Para assistir o passar dos dias.