domingo, 25 de janeiro de 2015

Mãos e Sonhos

As vezes, eu ando em asfalto quebrado,
Não porque eu queira,
Mas porque o asfalto, assim como sonho,
Quebra-se de tanto passarmos por cima ...
Tenho meus dias de andar apenas,
Em ruas de paralelepípedos semi-planos,
Inexatos, porque sua natureza os fez assim,
Sem culpa e sem pressa,
Mas com muita semelhança e astúcia,
O suficiente pra se tornarem escorregadios,
Enquanto molhados ...
Inclusive, também caminho as vezes,
Em ruas de terra batida e pedras preguiçosas,
E nessas horas, vêm a minha lembrança,
Que o mundo já foi mais saudável,
E as crianças tinham mais sangue,
E que parcialmente, já fui uma delas.
Essas lembranças me pegam de jeito,
E quando percebo, já estou em cima das guias,
Essas mesmas de dividem o meio fio e a sarjeta.
Mas deve ser porque eu sempre achei,
Que ali era o lugar mais alto do mundo,
Pra quem brinca de fazer castelos de barro,
Ou mesmo de areia,
Decorados com entradas de pedrinhas,
E muros reforçados de esperança e fantasia.
E em algum lugar dentro de si,
Ainda guarda um sorriso, um talento,
De artesão menino, que mexe na argila,
Refastela a areia, e as desavenças,
Sem medo de se sujar, nem de se contaminar,
Com a opinião demolidora alheia,
E molda com palavras, gestos e pensamentos,
O seu caminho próprio ...
Pois essa sempre foi seu maior tesouro,
Sua esperança ...

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