terça-feira, 30 de março de 2010

À Diva agreste




Eis ela que surge, desde minha infância,
Com sua voz, sempre encantadora,
Imitando a senhora mãe educadora dos sentimentos,
Plena de si, mesmo contando versos alheios,
Entoando emoções, afligindo sofrimentos daqueles amores que nunca dão certo.
Seu canto conforta, e lembra desses amores que nunca tive.
Sim, eu sei que quanto mais posso elogiar,
Sua segurança trazida pela idade, ou melhor pela experiência,
Fala dos vãos, dos abismos do desejos e da solidão que dói e ensina.
Não lhe bastam versos, palavras meramente colocadas, mas sim
Drama em ato, ação em poesia, harmonia em sua cadência.
E é neste compasso, que me recorda a infância que não tive
Naquelas cidadezinhas de interior
Com seus feriados de dia de santo naquelas praças pequeninas
Onde o mundo se resumia em calorosas quermesses.
E que não chegam a preencher as minhas expectativas
Pois é ela quem vivencia todo verso,
Clama o dia, enfeita o Sol, diviniza a noite e a Lua
Chamando todos a namorar ...
E entre o riso e o choro,
Ela me faz escolher o choro, pois a subida para a alegria
Faz com que me alimente deste passo a passo
Para ser pleno de mim mesmo e de minha vida.
Esse é meu espelhamento numa mulher
Que traz seu útero à voz, e nos envolve
Trazendo a poesia em mulher
E o conforto em alegoria.

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